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sexta-feira, 31 de julho de 2009

O Primeiro Milagre

A transformação da água em vinho

Jesus e seus discípulos foram convidados para uma festa de casamento e aceitaram o convite (João 2.1-2). Cristo não era alienado. Ele participava dos eventos sociais, procurando estar sempre com o povo. De outro modo, como poderia cumprir sua missão? Precisava estar perto das pessoas para abençoá-las e salvá-las. Os cristãos, da mesma forma, não podem constituir um grupo isolado. Somos diferentes do mundo, mas não distantes ou fora dele (Jo.17.11,15,16). Não podemos aceitar convites para a prática pecaminosa (Pv.1.10-15). Outros, porém, podem ser aceitos. É necessário, contudo, que o cristão, onde estiver, dê um bom testemunho, sendo sal e luz (Mt.5.13-14), agindo em benefício do próximo. Foi o que Cristo fez. Jesus foi convidado porque sua presença é agradável. Onde ele está, o ambiente é celestial.

A certa altura das bodas, acabou-se o vinho (2.3). Era comum que as festas de casamento durassem sete dias, mas, sem vinho, isso não seria possível. O que fazer? Talvez pudessem comprar mais. Entretanto, é possível que os convidados não estivessem dispostos a esperar. Fim do vinho significava fim da festa.

Como ficaria a reputação do noivo diante de seus amigos? Teria ele falhado na preparação das núpcias? Ficaria marcado como negligente perante a noiva e os familiares? Ainda que os convivas tivessem consumido além do esperado, ou mais rapidamente, o noivo deveria estar prevenido. Estava, portanto, estabelecida uma situação de vergonha e desgosto, podendo marcar, de forma negativa, o início da vida conjugal.

Maria, mãe de Jesus, também estava presente e percebeu que o vinho tinha acabado (2.3). Não tendo poder para resolver a situação, ela foi falar com seu filho. Ele parece não ter recebido bem a interferência da mãe (2.4). Afinal, ele já sabia do fato e talvez estivesse esperando o melhor momento para agir. A presença de Jesus não evita que determinados problemas ocorram. Aliás, eles podem ser necessários e úteis, desde que sejam bem conduzidos e devidamente solucionados. Uma necessidade torna-se oportunidade para o milagre. Não queremos problemas, mas Deus permite que tenhamos alguns para que também possamos ter experiências sobrenaturais.

Maria sabia que Jesus ia tomar alguma providência e deu, então, uma sábia orientação aos servos da casa: “Fazei tudo o que ele vos disser” (João 2.5). Se temos algo a aprender com as palavras de Maria é no sentido de voltarmos nossa atenção para Cristo, procurando realizar, não apenas parte, mas tudo o que ele nos mandar.

Ele podia fazer o milagre, até mesmo antes que a falta do vinho fosse notada, mas isso não atenderia aos seus propósitos. Ninguém saberia. Seu poder não seria reconhecido (2.11) e Deus não seria glorificado. É preciso que, por algum tempo, sintamos a necessidade, a fim de que a bênção seja desejada e valorizada.

Se Jesus quisesse, poderia dizer uma palavra e o vinho jorraria de todos os vasos e copos, mas ele deseja a participação dos servos na realização do milagre. Em muitos episódios dos evangelhos aconteceu assim: as pessoas esperavam uma bênção e recebiam uma ordem. É preciso obedecer para ser abençoado, e não o contrário. Deus quer a participação humana em suas obras. Ele pode fazer tudo sozinho, mas nos deu o privilégio e a oportunidade de participar, e isto significa trabalho. A nossa fé deve ser demonstrada através da obediência e do serviço, pois “a fé sem obras é morta” (Tg.2). Jesus faz o milagre, mas precisamos fazer a nossa parte.

Os servos tinham muito trabalho a fazer, mas isso lhes daria a chance de serem participantes e testemunhas do milagre. Os convidados estavam em posição mais cômoda. Ficavam apenas se divertindo, enquanto esperavam o garçom passar. Qual é a nossa postura no reino de Deus. Agimos como convidados ou como servos? Queremos apenas beber o vinho do milagre ou trabalhar na sua produção? Aquele que tem a iniciativa de servir, também tem oportunidades singulares. Os servos sabiam o que os convidados ignoravam (2.9).

Jesus mandou que os serventes enchessem de água seis talhas de pedra (2.7). Em cada uma delas cabia entre dois e três almudes, ou seja, entre 72 e 108 litros. Era muita água para ser carregada. O Senhor nos manda fazer coisas difíceis, mas, se fizermos, ficaremos satisfeitos com o resultado. Aquele ato de obediência exigia esforço. Jesus abençoa os que trabalham, mas os preguiçosos continuam passando necessidade.

As talhas foram cheias até a borda (2.7). A obediência foi imediata e completa. Quanto mais água, mais vinho. Não podemos fazer apenas o mínimo, a não ser que queiramos uma bênção pequena. Não podemos ser “econômicos” na oração, no jejum, na leitura bíblica e no serviço ao Senhor. Precisamos fazer mais, fazer muito e fazer bem feito.

Para fazer o milagre, Jesus usou o que estava à sua disposição: os servos, as talhas e a água. Estamos disponíveis para Cristo operar? Nossos bens, tempo e talentos estão entregues ao Senhor? Se o dono da casa escondesse os recipientes, talvez o milagre não tivesse acontecido, ou a quantidade seria menor.

Todos queriam vinho e Jesus manda encher os vasos com água. Queremos o produto final, pronto e servido. Entretando, a operação divina pode ocorrer em etapas, conforme seus soberanos propósitos. Aquela ordem parecia não fazer sentido, mas ninguém lhe fez perguntas. Devemos obedecer sem questionar. Nem sempre vamos saber o porquê das ordens ou dos atos divinos.

Então, o milagre aconteceu. Jesus transformou a água em vinho. O texto não traz explicações químicas ou biológicas a respeito do processo. Não podemos nem precisamos explicar cientificamente os atos de Jesus. Aqueles que dependem de explicações colocam obstáculos à sua própria fé. Nem sempre vamos saber como Deus opera. Precisamos crer em seu poder, mesmo sem compreender sua forma de agir.

Em seguida, os servos levaram o vinho para que o mestre-sala experimentasse. Ele era o responsável pelo controle de qualidade. Quando experimentou o vinho de Jesus, aquele homem ficou surpreso e maravilhado. Suponho que ele nunca houvera bebido um vinho tão bom. Jesus faz, e faz bem feito. O vinho de Jesus é superior. Experimente! Com Jesus, tudo fica melhor. Não aceitemos o que o inimigo oferece. Deus tem o melhor para nós. Não sejamos impacientes. Esperemos o tempo certo, quando ele suprirá a nossa necessidade de forma miraculosa e surpreendente.

O mestre-sala disse ao noivo: “Todo homem põe primeiro o vinho bom... mas tu guardaste até agora o bom vinho” (2.10). Quando Jesus opera em nós, saímos do limite dos costumes e das tradições para um nível de excelência. As pessoas esperavam que, com o passar do tempo da festa, o vinho fosse piorando, mas, se Jesus está presente, a tendência é melhorar, de fé em fé (Rm.1.17) e de glória em glória (IICo.3.18). As tribulações são grandes, mas as vitórias são maiores. A festa estava salva. A comemoração podia continuar, com alegria ainda maior. Aquele casamento sempre seria lembrado pela presença e pelo poder de Jesus. O problema foi transformado em bênção. Ali Jesus realizou seu primeiro milagre, marcando aquele casal e aquela cidade. Caná da Galiléia ficou definitivamente vinculada à maravilha da transformação da água em vinho.

O fato de Jesus ter escolhido uma festa de casamento para realizar seu primeiro sinal nos mostra como o matrimônio e a família são importantes para Deus. Além de atender à necessidade do momento, aquele ato de Jesus demonstrou seu poder transformador. Hoje, ele tem transformado muitas vidas. Assim como aconteceu naquelas bodas, pode chegar um momento na vida conjugal ou individual quando a alegria acaba. Tudo estava indo tão bem e, de repente, instala-se o caos. Isto pode ser resultado de algum acontecimento ruim, decisões equivocadas ou práticas pecaminosas. Nessas horas, Jesus é a nossa única esperança. Ele pode fazer o que não está ao nosso alcance, e faz muito melhor, dando aroma, cor e sabor à nossa existência.

Jesus é especialista na transformação de vidas. Ele atua naqueles que já foram descartados pela sociedade. Cristo recupera o marginal, transformando-o em cidadão de bem. Acima de tudo, ele nos transforma de tal maneira que possamos ser agradáveis a Deus (Rm.12.1-2).

Depois que a água foi transformada em vinho, a festa continuou, mas isso só foi possível porque os noivos convidaram Jesus para aquele casamento. Todos devem convidá-lo. Nossa vida sem ele é vazia e inútil. Só Cristo pode nos abençoar, nos dar uma nova motivação para viver. Com ele, temos um novo começo, pois seu poder age em nós, fazendo transbordar o nosso cálice.


Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
Professor do Steb - Seminário Teológico Evangélico do Brasil

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Propostas de comunhão

O inimigo quer nossa atenção de todas as formas

Comunhão significa convivência, relacionamento, comunicação, intimidade. No jardim do Éden, Deus se relacionava com o homem, ensinando-o como proceder. Foi assim até o dia em que Eva teve um diálogo com a serpente, que era o próprio Diabo. Essa conversa foi uma tentação fatal e daí veio o pecado humano. O que aconteceu? Eva teve um momento de comunhão com Satanás e perdeu a comunhão com Deus. Certamente, isto iria ocorrer porque “ninguém pode servir a dois senhores” (Mt. 6.24) e não se pode “participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (1Cor. 10.21).

"Pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? ou que comunhão tem a luz com as trevas? Que harmonia há entre Cristo e Belial? ou que parte tem o crente com o incrédulo? E que consenso tem o santuário de Deus com ídolos"? (IICo.6.14-16).

Adão e Eva aceitaram o fruto do conhecimento oferecido por Satanás e perderam o direito de comer do fruto da árvore da vida. É interessante observarmos que a palavra “comunhão” muitas vezes se relaciona ao ato de comer. Tanto é assim que a tradição cristã usou esse termo para nomear a “ceia do Senhor”.

Cuidado! Ao aceitar a oferta do Diabo, você pode perder ou atrasar a bênção de Deus. Está escrito: “As más conversações corrompem os bons costumes.” (1Cor. 15.33.) O problema de Eva começou quando ela deu ouvidos ao Diabo. Será que isso não está acontecendo hoje? O inimigo está querendo nossa atenção de todas as formas. Ele usa músicas, filmes, novelas, horóscopos, adivinhações, previsões, falsas doutrinas, conselhos dos ímpios etc. Por isso, é bom que estejamos vigilantes. Não podemos dizer que o Diabo está em tudo, mas, certamente, suas mensagens e sinais estão em muitas coisas, muitos lugares e muitas pessoas. Somos atingidos diariamente por uma filosofia mundana, pecaminosa e diabólica que tenta moldar o nosso modo de vida. O mundo é um sistema dominado pelo inimigo com o único propósito de nos envolver, nos prender, e impedir que caminhemos com o Senhor. São armadilhas, astutas ciladas contra as nossas almas.

Precisamos ser cautelosos com aquilo que ouvimos, com os lugares que freqüentamos, e com os compromissos que assumimos. Logicamente, não vamos nos isolar, mas devemos evitar qualquer envolvimento ou comportamento que possa colocar em risco nossa comunhão com Deus.

É verdade que nem sempre conseguiremos ficar fora do alcance da voz do inimigo ou distantes da sua repugnante presença. Às vezes, o confronto pode ser inevitável, mas o mais importante será a resposta que daremos a ele. Eva aceitou a oferta da serpente e agiu de acordo com a mesma.

Como podemos impedir que isto aconteça? Fazendo como Jesus fez. Ele também foi tentado, escutou as propostas do Diabo, mas não se deixou levar (Mt. 4.1-11). Se ele chegasse a ponto de comer pedras transformadas em pães, os desígnios malignos teriam tido sucesso. A comunhão com o mal estaria selada. Contudo, as respostas de Cristo foram radicais, sempre resistindo às ofertas de Satanás. Jesus rejeitou as pedras porque estava alimentado pela “palavra que procede da boca de Deus”. Estando cheio da Palavra, esta fluía continuamente dos seus lábios, rechaçando toda a investida do tentador. Da mesma forma, precisamos conhecer a Bíblia, a Palavra de Deus, para que possamos filtrar o que ouvimos no dia-a-dia. Ao final do episódio, vieram os anjos e o serviram. Tendo rejeitado a “mesa dos demônios”, Jesus pôde participar da “mesa de Deus”.

O Diabo continua nos oferecendo pedras como se fossem pães. Não aceite. Não transforme o pecado em algo normal. Isso pode vir em forma de um relacionamento imoral ou inconveniente, um emprego que inclua práticas pecaminosas, um dinheiro sujo, uma atividade ilegal etc. O que o inimigo nos oferece tem a aparência de uma solução rápida e fácil para os nossos problemas imediatos. Resistamos, firmes na fé. Pois, passada a tentação, virá o suprimento do céu para as nossas necessidades.

Que o Senhor nos ajude na luta contra o mal. Assim, nossa comunhão com Deus será mantida e sua bênção sobre nós será constante.


Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

LIÇÃO 05/A FORÇA DO AMOR CRISTÃO/ SUBSÍDIOS

A FORÇA DO AMOR CRISTÃO
Texto Áureo: Jo. 13.34 - Leitura Bíblica em Classe: I Jo. 2.7-11; 3.14-18

Objetivo: Mostrar que o amor cristão é o resultado da transformação espiritual experimentada no novo nascimento e a prática central do conteúdo da fé cristã.

INTRODUÇÃO
O amor cristão é um dos temas centrais da I Epístola de João. Não por acaso o autor dessa Carta é chamado de Discípulo Amado e o Apóstolo do Amor. Na aula de hoje veremos, a partir dos seus escritos, a força do amor cristão. No início mostraremos que esse é tanto um antigo quanto um novo mandamento. Em seguida ressaltaremos a sublimidade do amor cristão. Ao final trataremos a respeito da demonstração do amor cristão na igreja.

1. AMAR, UM ANTIGO E NOVO MANDAMENTO
O amor é o fundamento da ortodoxia cristã. Esse é, ao mesmo tempo, um antigo e novo mandamento. Para os leitores de I João, aquele não era um novo mandamento, pois eles já haviam aprendido a respeito disso antes (I Jo. 2.24; 3.11; II Jo. 6). A novidade desse mandamento estava respaldada na instrução de Jesus (Jo. 13.34). Cristo deu uma interpretação nova ao antigo mandamento que pode ser encontrado em Dt. 6.5; Lv. 19.18. O amor deveria ser levado até as últimas conseqüências, com altruísmo tal que poderia requerer a morte de quem ama. João refuta a heresia gnóstica não apenas pelas doutrinas ortodoxas, mas também pela ortopraxia, isto é, o modo de vida, que era pautado – na prática de vida dos gnósticos - não pelo amor, mas pelo ódio. Um verdadeiro cristão obedece a Deus e ama a seu irmão (I Jo. 2.9). Está em trevas significa exercitar o ódio, e por oposição, a prática do amor, significa estar na luz (Pv. 4.19). Somente pelas lentes do amor podemos ter uma visão graciosa do outro. Através delas os nossos julgamentos direcionados pela misericórdia, nossa conduta se harmoniza com o caráter de Cristo (Jo. 8.12; 11.9,10; 12.35).

2. A SUBLIMIDADE DO AMOR CRISTÃO
O amor cristão é produzido pelo Espírito, na medida em que esse, em nós e conosco, gera o Seu fruto (Gl. 5.22). Esse amor – ágape em grego – tem origem em Deus, pois Ele é amor (I Jo. 4.8). Ele amou o mundo de uma maneira tal que deu seu Filho Unigênito (Jo. 3.16). Do mesmo modo, devemos também entregar nossas vidas em amor pelos irmãos (I Jo. 3.16). Em I Co. 13, Paulo faz uma defesa contundente da sublimidade do amor cristão. A intenção do apóstolo é mostrar que a melhor linguagem do céu ou da terra, sem amor, é apenas barulho (v. 1). Por ser paciente, o amor tem uma capacidade inerente para suportar, ao invés de querer afirmar-se, o amor busca, prioritariamente, dar-se (v. 4). O amor não imputa o mal ao outro, sequer o leva em conta, não abriga ressentimentos pelas ofensas (v. 5). Alegra-se com a verdade, na verdade do evangelho (Jo. 5.56), que está em Jesus (v. 6).Tudo suporta, não fraqueja, não se deixa vencer em todas as dificuldades (v. 7). Os dons espirituais acabarão, no fim, quando Deus tiver cumprido o Seu plano (v. 9,10), mas não o amor. A fé é importante, bem como a esperança, mas nada supera o amor (v. 13).

3. A DEMONSTRAÇÃO DO AMOR CRISTÃO
O amor cristão não pode ser apenas em palavras, ele demanda ação. Não podemos esquecer que Deus deu Seu Filho Unigênito (Jo. 3.16). A igreja local precisa se acostumar ao exercício do amor. Existem várias maneiras de demonstrar o genuíno amor cristão. O fundamento basilar para a prática do amor é o sacrifício. Infelizmente poucos estão dispostos a tal, haja vista a tendência humana de sempre “tirar vantagem” do outro. Aqui cabe uma pergunta provocadora: o que posso fazer para tornar a vida do próximo melhor? Com certeza para responder a essa pergunta precisaremos “abrir mão de certas regalias”. A igreja de Jerusalém é um modelo nessa prática amorosa, os cristãos daquele tempo, já que viviam na esperança iminente da volta de Cristo, e em razão das perseguições, tinham tudo em comum. Não havia quem passasse necessidade entre eles, todos agiam para o bem do próximo (At. 2.41-46). Sejamos realistas, como toda igreja local, eles também tiveram problemas, por essa razão os diáconos foram estabelecidos para auxiliar os necessitados (At. 7). Podemos, então, ampliar a pergunta anterior e pensar: o que a igreja, como um todo, pode fazer para demonstrar amor cristão? Qualquer resposta, não apenas com palavras, mas em atitudes, será valiosa tanto aos olhos de Deus quanto daqueles que testemunham a nossa fé.

CONCLUSÃO
O amor cristão é forte, por isso a igreja deve buscar múltiplas formas de exercitá-lo (Cl. 3.12-17). Uma igreja que não pratica o amor está, como a de Corinto – estudada no trimestre passado – tomada pela carnalidade. Os partidarismos ficam evidenciados na busca egoísta pelo prazer a qualquer preço. Os cristãos pensam muito mais em si do que nos outros. Mesmo as questões teológicas se transformam em razão para discussões e contendas. Levemos em conta a máxima atribuída a Agostinho: Que o amor que nos une seja maior que as diferenças que nos separam.

BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. As epistolas de João. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
STOTT, J. R. W. I, II e III João: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1982.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Israel - sinal de Deus para o mundo

Deus escolheu a nação de Israel para que, através dela, todo o mundo conhecesse o Senhor. Por meio da descendência de Abraão, Isaque e Jacó, todos os povos tomariam conhecimento a respeito do verdadeiro Deus e seriam admoestados a abandonarem a idolatria e os falsos deuses. "As nações saberão que eu sou o Senhor." (Ez.37.28). De fato, foi através dos judeus que recebemos a bíblia e foi entre eles que nasceu Jesus, o Messias. Entretanto, o propósito de Deus não terminou. Ainda hoje, Israel é um sinal de Deus para toda a humanidade.

Um dos maiores acontecimentos da história recente daquele povo foi o seu retorno para a sua terra. Nós, os que nascemos na segunda metade do século XX, estamos acostumados a ver o território de Israel no mapa mundi. Vemos isso com naturalidade. Entretanto, esse fato é um milagre de Deus. Israel não estava no mapa em 1947. De fato, desde o ano 70 d.C, os judeus estiveram espalhados pelo mundo. Porém, havia diversas profecias divinas sobre aquele povo. Eles haveriam de retornar à terra prometida, conforme lemos na bíblia (Jr.31.10; Ez.36.24; Ez.37.21-22). Afinal, a promessa que Deus fez a Abraão determinava que a sua descendência teria a posse da terra chamada Canaã, também conhecida como Palestina, e de grande parte dos arredores, ou seja, seus limites iriam desde o mar Mediterrâneo, no lado ocidental, até o rio Eufrates, ao oriente, e desde a fronteira do Egito, ao sul, até os limites da Síria, ao norte (Gn.15.18; Js.15.12,47). É um território bem maior do que o que é ocupado por Israel hoje.

Como é possível que um povo fique disperso pelo mundo durante quase 2000 anos e não se misture e não perca a sua identidade étnica e cultural? É um milagre de Deus. Maior milagre é esse povo recuperar a sua terra, e isso aconteceu em 1948. Entretanto, os palestinos, que estiveram morando lá durante a ausência dos judeus, não se conformam em terem que devolver o território aos seus antigos donos. Este é o motivo dos conflitos constantes naquela região. Muitas são as tentativas de se realizarem acordos de paz. Entretanto, tudo isso é em vão. Ao mesmo tempo em que Israel é uma mensagem viva da existência de Deus, é também um incômodo para os seus vizinhos, que se julgam proprietários da Palestina e, principalmente, de Jerusalém.

No Apocalipse, João escreveu sobre Israel, relacionando-o aos fatos dos últimos dias (Apc.7.4-8; 11.2; 14.1; 16.16; 20.9). Era então necessário e certo que os judeus voltassem à sua terra, para estarem a postos para os acontecimentos apocalípticos. Antes que tais eventos ocorram, não haverá paz no oriente médio. Muitas nações estarão enfurecidas contra Israel, até que aconteça a batalha do Armagedom e outros combates escatológicos (Ez.38; Dn.11.40-45).

Israel voltou à sua terra e é hoje um país do primeiro mundo. Os judeus se destacam em diversas áreas do conhecimento humano. Um desses destaques é a sua avançada técnica de irrigação, pela qual, as regiões áridas estão produzindo flores em abundância. Mas isto não é surpresa para quem conhece a bíblia. Já estava profetizado há muitos séculos, que o deserto iria florescer (Is.41.18-20; Is.35.1-2; Ez.36.35).

A própria nação floresceu (Is.27.6; Os.14.5,7). Como disse Jesus, quando brota a figueira está próximo o verão. Israel é essa figueira que nas últimas décadas brotou, floresceu e frutificou. É um sinal de Deus para o mundo. Da mesma forma, os conflitos que ali acontecem são sinais dos últimos dias. Israel está no centro das guerras profetizadas para o fim (Mt.24.16). Alguém pode argumentar que foram os próprios judeus que escreveram todas essas profecias. De fato, foram, mas inspirados por Deus. É impossível que alguém possa escrever um livro com previsões fantásticas sobre seus descendentes que viverão dezenas de séculos mais tarde. Se alguém escreveu e acertou, só pode tê-lo feito mediante a inspiração divina.

O que o mundo pode esperar para o futuro? Progresso? Paz? Apenas por períodos transitórios (I Tss.5.3). A marcha dos fatos se dirige para o confronto. As guerras aumentarão e o mundo mergulhará em grande tribulação. Não podemos determinar os tempos e as épocas, mas conhecemos, pela bíblia, os sinais do fim. Os que crêem em Cristo como salvador não têm o que temer, pois ele disse: "Ora, quando essas coisas começarem a acontecer, exultai e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima." (Lc.21.28).


Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Pelos Mares da Vida

Que o Senhor Jesus seja o comandante do nosso barco.

Os navios estão entre os meios de transporte mais antigos e importantes da história. Sua primeira citação bíblica encontra-se em Gênesis 49.13. Sua utilidade, já em tempos remotos, incluía o comércio (Pv.31.14), a guerra (Nm.24.24) e a condução de passageiros (Jn.1.3).

As viagens marítimas, com as características que lhes são peculiares, tornam-se boas ilustrações para diversos ensinamentos. A vida humana pode ser comparada a uma viagem. A vida cristã, da mesma forma. Podemos pensar ainda na viagem, como um conjunto de providências, esforços e aplicação de recursos com vistas a determinados objetivos, sejam pessoais, ministeriais, familiares ou profissionais.

Como viajantes que somos, precisamos ter um rumo definido, uma direção, um destino escolhido. Não podemos viver à deriva. É importante que estabeleçamos alvos na vida, não apenas materiais, mas espirituais e eternos.

A CONSTRUÇÃO DO NAVIO

“No coração dos mares estão os teus termos; os que te edificaram aperfeiçoaram a tua formosura. De ciprestes de Senir fizeram todas as tuas tábuas; trouxeram cedros do Líbano para fazerem um mastro para ti. Fizeram os teus remos de carvalhos de Basã; os teus bancos fizeram-nos de marfim engastado em buxo das ilhas de Quitim. Linho fino bordado do Egito era a tua vela” (Ez.27.4-7).

Para todos os nossos empreendimentos, precisamos passar pela etapa de preparação. Não sejamos negligentes. É preciso que seja feito o melhor investimento possível. No citado texto, notamos a alta qualidade como elemento prioritário. O preço seria igualmente elevado. Economizar nesse momento pode ser medida imprudente.

A infância, por exemplo, é um período precioso, quando os pais estão preparando os filhos para a vida. Em seguida, vem a adolescência e a juventude, ocasiões propícias para que se prepare, no que for possível, para a vida profissional, o casamento e a constituição familiar. Quando estes propósitos são realizados prematuramente, sem o devido preparo, é como se o barco fosse colocado na água antes da hora. Tendo sido, porém, terminada e bem feita, a embarcação estará apta para enfrentar os embates de sua missão oceânica.

O INÍCIO DA VIAGEM

Depois de pronto, o navio precisa sair do cais. Ele não pode ficar eternamente ancorado, evitando os desafios do mar aberto. O propósito de sua existência não é o eterno estacionamento. Barco que não navega cria lodo, mofa, enferruja e apodrece. Tais são os efeitos da omissão. Todo ser humano precisa crescer, sair do seu lugar de conforto e estabilidade para alcançar outros locais e novas experiências (Gn.12.1). Contudo, nada disso pode ser feito com irresponsabilidade.

Apesar da possível resistência inicial, sair do cais ainda é a parte mais fácil da viagem. Nesse começo, geralmente, tudo parece tranquilo e promissor. As águas litorâneas costumam ser relativamente calmas e, em caso de agitação, o porto está ao alcance do marinheiro. Os viajantes partem cheios de boas expectativas, principalmente aqueles que fazem a primeira viagem.

A infância é uma época de fantasias coloridas para a maioria das crianças. O futuro parece um lugar agradável aonde se deseja chegar rapidamente. Ser adulto, aos olhos infantis, parece sinônimo de independência e liberdade, uma idade em que, supostamente, será possível obter e fazer tudo o que se deseja. O princípio da vida cristã também pode ser uma experiência tão maravilhosa que o mundo parece ter ficado mais belo. Muitos problemas ficaram para trás e experiências gloriosas se aproximam.

Da mesma forma, o início de um negócio ou de um relacionamento, pode ser excelente. Contudo, quando se chega em alto mar, algo pode mudar. Muitas surpresas podem ocorrer.

QUEM AVANÇA RENUNCIA

Quando o navio se afasta do porto, muitas coisas ficam para trás. Não é possível alcançar novas terras sem que algo seja abandonado e perdido. O viajante não pode levar sua casa com todos os seus pertences. Todo crescimento tem essa característica: a perda.

O adolescente perde sua vida infantil, seus brinquedos, roupas e regalias. O adulto renuncia a casa dos pais e os costumes juvenis. Quem se casa perde prerrogativas da vida de solteiro em troca da constituição familiar. Assim também, quem decide seguir a Cristo, deve abrir mão dos prazeres do mundo e das artimanhas do velho homem. É o preço a ser pago. Contudo, o ganho é muito maior do que a renúncia. O apego excessivo pode impedir o desenvolvimento.

“Esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo...” (Fp.3.13-14).

O MEIO DA JORNADA

“Os teus remadores te conduziram sobre grandes águas; o vento oriental te quebrantou no meio dos mares” (Ez.27.26).

Estar no meio do mar pode ser assustador. A grandeza do oceano faz com que nos sintamos insignificantes. Tal é o nosso sentimento diante dos grandes empreendimentos, desafios e problemas da vida. Por isso, precisamos de Deus. Os navios antigos, por não terem motores, dependiam dos remos, mas principalmente do vento. Sua falta seria um problema. A calmaria nos paralisa. É um tempo quando nada acontece. Precisamos esperar. É hora propícia para o descanso, embora a ansiedade nos assedie.

Em outros momentos, os ventos são contrários (At.27.4). As circunstâncias nos impelem em sentido oposto ao que desejamos. Precisamos resistir, recolher as velas e remar.

Durante grande parte da viagem, os navegantes não veem a terra, nem a origem nem o destino. Nesse momento não se pode viver por vista, mas pela fé. A determinação em prosseguir deve ser obstinada. A insegurança e o medo nos ameaçam, mas a fé os sobrepuja e vence. Quantas vezes nos sentimos assim? Não vemos coisa alguma. Nosso passado está perdido e o futuro parece inatingível. Porém, nossa confiança está em Deus, que não nos deixará perecer.

Os navios antigos não possuíam bússola. A orientação era determinada pela posição do sol e das estrelas (At.27.20). Logo, o navegador deveria olhar para cima quando precisasse se orientar. Nós também não podemos viver apenas por referências terrenas, pois estas são incertas.

“Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Cl.3.2). Os perigos marítimos são muitos, principalmente naquelas viagens dos tempos bíblicos, quando as naus não eram tão fortes e equipadas como as atuais. Os recursos de navegação eram rudimentares. Em todos os tempos, porém, alguns riscos são comuns: as rochas submersas (Jd.12), os icebergs, os piratas e, principalmente, as tempestades.

Os icebergs são traiçoeiros, pois a parte submersa pode ser muito maior do que a que se vê na superfície. Não podemos subestimá-los, considerando-nos, por arrogância, capazes de enfrentá-los. Por esta causa, pereceu o Titanic, em 1912. Algumas situações que parecem ruins podem tornar-se péssimas. Alguns indivíduos que não parecem confiáveis, podem ser muito perigosos. Devemos ser prudentes, evitando lugares e pessoas que possam representar riscos desnecessários (Tt.3.10; IITm.2.16).

As colisões do percurso podem causar avarias ao casco. Um pequeno furo pode ser suficiente para que entre muita água, capaz de levar a pique uma grande embarcação. Portanto, não podemos considerar de pequena importância os pecados que tenazmente nos perseguem, por mais inofensivos que possam parecer.

Quando se está no meio de um trajeto, o risco de continuar é semelhante ao risco de retroceder. Então, prossigamos para o alvo. A jornada é longa e o deslocamento é quase sempre lento. Sejamos pacientes e perseverantes. Não vale a pena voltar. Não façamos como os israelitas que desejaram retornar ao Egito (Num.14.3).

“O justo viverá da fé e se ele retroceder, a minha alma não tem prazer nele” (Heb.10.38).

A TEMPESTADE

“Mas o Senhor lançou sobre o mar um grande vento, e fez-se no mar uma grande tempestade, de modo que o navio estava a ponto de se despedaçar” (Jn.1.4).

Algumas vezes, a embarcação é atingida pela forte chuva, sacudida pelo vento e açoitada pelas grandes ondas. Suas estruturas são provadas com rigor. É assim também conosco. Somos atingidos por muitas tribulações que parecem destruidoras. As tempestades são previsíveis. Não sabemos quando virão, mas sua vinda é certa. Erram gravemente aqueles que se iludem, pensando que a vida seja fácil, imaginando que não haja ataques nem reveses. Aquele que se converte ao evangelho de Cristo deve esperar tribulações e lutas, pois elas fazem parte do nosso processo de aperfeiçoamento (Jo.16.33; IPd.1.7; Rm.5.3-5). As dificuldades são necessárias, úteis e importantes para o nosso crescimento.

Sabemos que a chuva, seja garoa ou tempestade, vem sobre os maus e os bons (MT.5.45). O apóstolo Paulo enfrentou grande temporal enquanto navegava para Roma (At.27.18). O próprio Jesus, com os discípulos, conheceu a agitação no mar da Galiléia (Mt.8.24). Não é apenas o ímpio que enfrenta problemas sérios na vida. Em alguns momentos, ocorre até o contrário do que se espera: o justo está sendo atribulado, enquanto os incrédulos se encontram em aparente tranquilidade (Sl.73).

A tempestade pode ocorrer como ato do juízo divino, mostrando que erramos o rumo (Jn.1.4), ou simplesmente como tribulações naturais que vêm para provar a nossa fé (Mt.8.24).

Existem algumas regiões dos mares onde a navegação é desaconselhável. São lugares perigosos, onde as borrascas são constantes ou a profundidade é insuficiente. As estações do ano também ajudam a prever um tempo tranquilo ou hostil. Assim, se o viajante, mesmo alertado, quiser se aventurar, estará assumindo a responsabilidade pelos possíveis danos. Na vida, existem situações que geralmente conduzem ao prejuízo e à morte. Se tantas pessoas pereceram naquele trajeto, por quê haveremos de segui-lo? Se Deus nos tem avisado, por quê seremos insistentes na prática do mal? Não poderemos reclamar quando estivermos encalhados ou submersos.

Não há como dizer que todas as viagens serão bem sucedidas. Quando estimulamos as pessas a buscarem seus sonhos, não podemos generalizar a possibilidade de êxito, pois alguns projetos são errados e Deus não os abençoará. O cruzeiro de Jonas fracassou (Jn.1.15). Os navios de Tiro foram destruídos, ainda que tenham sido bem preparados (Ez.27.27). O mesmo aconteceu com os de Josafá (IRs.22.48). Precisamos examinar nossos propósitos, sob a luz da palavra de Deus, antes de colocá-los em prática.

CARGAS AO MAR

No meio do mar bravio, o barco precisa manter sua flutuabilidade. Para tanto, todo peso que não seja indispensável deve ser lançado fora (Jn.1.4). Muitos viajantes levam bagagem excessiva. São hábitos do passado, ídolos, culpas, ressentimentos, coisas que precisam ser abandonadas. Com elas não poderemos prosseguir. O apego pode ser fatal.

“Como fôssemos violentamente açoitados pela tempestade, no dia seguinte começaram a lançar a carga ao mar” (At.27.18).

A renúncia precisa ser completa em se tratando daquilo que não pode ser levado para o nosso destino pelo fato de ser incompatível, prejudicial ou inútil. Precisamos nos dedicar ao principal, eliminando o que rouba nosso tempo, energia, dinheiro e outros recursos. Aquele que se recusa a entregar o que precisa ser eliminado corre o risco de naufragar, levando consigo outras pessoas.

Em se tratando da vida cristã, o pecado é a carga mais pesada que pode existir (Heb.12.1-2). Alguns, por não renunciarem à iniquidade, naufragaram na fé (ITm.1.19-20). Naufrágio é fracasso, podendo ser mortal ou não, transitório ou definitivo.

CLAME AO SENHOR

Algumas vezes, enfrentamos situações que são verdadeiras tormentas. Parece que estamos perdendo o controle da vida. Devemos buscar ao Senhor para que nos proteja, de modo que não sejamos tragados pelas ondas.

“O mestre do navio, pois, chegou-se a ele, e disse-lhe: Que estás fazendo, ó tu que dormes? Levanta-te, clama ao teu Deus; talvez assim ele se lembre de nós, para que não pereçamos” (Jn.1.6).

Aqueles que receberam Jesus Cristo como salvador contam com sua divina presença dentro do barco e podem clamar a ele sempre que for necessário. Todavia, além de estar presente, é importante que ele seja o comandante. Nossas vidas precisam seguir a sua direção. Além de Salvador, precisamos reconhecê-lo como Senhor. Cristo é aquele a quem o vento e o mar obedecem (Mt.8.27). Contudo, é preciso perguntar: Será que nós o obedecemos?

A ÂNCORA

Este é um dos mais importantes instrumentos das grandes embarcações. É utilizada para prender o navio, de modo que ele não seja levado pelas águas. A âncora é lançada para alcançar algo que está próximo, mas ainda não pode ser tocado com as mãos, seja uma rocha ou o próprio porto.

“Ora, temendo irmos dar em rochedos, lançaram da popa quatro âncoras” (At.27.29).

“Tenhamos poderosa consolação, nós, os que nos refugiamos em lançar mão da esperança proposta; a qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até o interior do véu...” (Heb.6.18-19).

A CHEGADA

Se a nossa viagem é feita de acordo com os propósitos do Senhor e se ele comanda o nosso barco, chegaremos salvos ao nosso destino. Que o Senhor nos fortaleça enquanto navegamos nas águas turbulentas deste mundo. Que alcancemos portos seguros, que representam o bom resultado do nosso trabalho com a bênção de Deus. E, ao terminar esta vida, chegaremos à pátria celestial, nosso último porto.



Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

LIÇÃO4/ JESUS, O REDENTOR E PERDOADOR/ SUBSÍDIOS


JESUS, O REDENTOR E PERDOADOR
Texto Áureo: I Jo. 1.9 - Leitura Bíblica em Classe: I Jo. 2.1,2; Ef. 1.6,7; Ap. 5.8-10

Objetivo: Refletir a respeito de Cristo e do Seu sacrifício na cruz que tornou possível o perdão do pecado a todos os que nEle crêem.

INTRODUÇÃO
O pecado é uma dura realidade da qual o ser humano não pode escapar. O salário dele é altíssimo, de acordo com Rm. 6.23, é a morte. Mas Deus, em Seu amor, preparou uma saída, o sacrifício de Cristo, Seu Filho Unigênito (Jô. 3.16). Na lição de hoje, aprofundaremos esse tema. Veremos que o pecado, ainda que seja negado pelos modernistas, é uma realidade. Por isso, Jesus, através da cruz, tornou-se redentor e perdoador daqueles que nEle crêem. Ao final, aprenderemos que não devemos pecar, mas, se pecarmos, temos um Advogado, Jesus Cristo, o Justo, a propiciação pelos pecados.

1. PECADO, UMA REALIDADE
O pecado, de acordo com I Jo. 3.4 e Rm. 4.15, é uma transgressão à lei de Deus. Esse termo, harmartia em grego - tanto se refere ao estado da condição humana quanto às práticas dela decorrente. O pecado tanto pode ser por ação quanto por omissão (Rm. 6.12-17; 7.5-24). Não se trata apenas de uma violação da lei constitucional ou de um sistema de regras, mas uma ofensa real contra Aquele que é o Legislador por excelência. A alma que peca é consciente que esse é algo mal e que destrói o ser humano e que, por conseguinte, alguma punição é exigida (Rm. 6.12-17; Gl. 5.17; Tg. 1.14,15). A entrada do pecado na humanidade foi uma tragédia que Deus permitiu que ocorresse. Quando Adão pecou, conforme Gn. 3.1-6, ele demonstrou descrença e falta de confiança na Palavra de Deus. Ao mesmo tempo, isso resultou na perda da comunhão com o Criador. Em Adão todos os homens foram feitos pecadores, pois ele representou, m sua queda, toda sua posteridade (Rm. 5.12-21; I Co. 15.22-45). Mas isso não quer dizer que o ser humano não tenha responsabilidade sobre suas atitudes. Ainda que tenhamos herdado a natureza pecaminosa de Adão, é possível se voltar para Deus, arrepender-se dos pecados e seguir o caminho preparado por Cristo. O principal pecado do ser humano é negar que não tem pecado. Se negarmos que temos pecado, mentimos, não praticamos a verdade (I Jô. 1.6).

2. JESUS, REDENTOR E PERDOADOR
Mas se andarmos na luz, está escrito em I Jo. 1.7, como Jesus está na luz, temos comunhão uns com outros, e o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado. O verbo no grego – katharizo - sugere que Deus faz muito mais que perdoar, Ele apaga as manchas do pecado. O tempo presente também aponta para um processo contínuo de perdão dos pecados, envolvendo inclusive os pecados cometidos inconscientemente, pois Ele limpa “todo pecado”. O meio para o perdão do pecado é o sangue de Jesus, pois o filho veio “como salvador do mundo” (I Jo. 4.14), como propiciação pelos nossos pecados (I Jo. 4.10). A propiciação – hilasmos – diz respeito ao ato misericordioso de Deus tornar o pecador propício perante Ele (Rm.3.25). Uma condição é necessária para a propiciação: que andemos em comunhão uns com os outros, andando na luz em sinceridade. Conforme já destacamos anteriormente, a condição do cristão, em relação ao pecado, não é a de nega-lo, mas admiti-lo a fim de receber o perdão de Deus. Se não assumirmos, fazemos Deus mentiroso, pois a Bíblia revela que o pecado é universal (I Rs. 8.46; Sl. 14.3; Ec. 7.20; Is. 53.6; 64.6) Assim, “se confessarmos os nossos pecados” (Sl. 32.1-5; Pv. 28.13) Deus nos perdoará e nos purificará de “toda injustiça” (I Jo. 1.9). Ele é fiel (II Tm. 2.13) e cumpre com as suas promessas (Hb. 10.23).

3. NÃO PEQUEIS, MAS SE PECARDES
João instrui os irmãos, seus “filhinhos”, para que “não pecassem”, mas, “se, todavia, alguém pecar”, receberia de Jesus o perdão. Cristo assim o fez na terra quando despediu muitos pecadores, dizendo que não mais pecassem (Jo. 5.14; 8.11). Na verdade, Jesus é o Advogado – parakletos - Cristo prometeu que intercederia por Pedro após ter negado o Seu nome (Lc. 22.32). Por isso Ele é a “propiciação pelos nossos pecados”. Isso porque Deus é gracioso e não deseja estar distanciado de nós por causa do pecado. Essa propiciação não deva servir de motivo para uma vida de pecado (Rm. 6.1). Muito pelo contrário, por causa do amor de Deus, devemos viver em santidade (I Jo. 2.1). O habito pecaminoso não mais pode fazer parte da prática cristã. Ainda que se reconheça a possibilidade do crente cometer algum pecado eventual. Quando isso vier a acontecer, devemos confessar o pecado. A contrição por causa do pecado cometido nos dirige a Cristo, o Justo que cobre, neutraliza, expia, aplaca e anula a culpa do pecado. Ele é o remédio que cura a contaminação e o mal que o pecado nos causa. Esse ensinamento bíblico expressa o sistema sacrifical do Antigo Testamento (Lv. 16.30; Hb. 9.22). Somente Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo. 1.29). Ele é o caminho, a verdade e a vida e ninguém pode ir ao Pai a menos que seja por Ele (Jo. 14.6), Ele é o único nome pelo qual importa que os seres humanos sejam salvos (At. 4.12).

CONCLUSÃO
Conta-se a história de um homem que andava com um pequeno livro no bolso. Dizia a todos que se tratava da biografia de sua vida. As pessoas perguntavam como alguém poderia ter toda sua vida contada num livrinho tão pequeno. A admiração era maior ainda ao perceber que não havia nada escrito e que continha apenas três páginas. As páginas tinham cores diferentes: a primeira era escura, a segunda vermelha e a terceira era alva. Aquele homem explicava que essas páginas tinham, cada uma delas, uma representatividade da sua vida antes e depois de Cristo. Antes – no pecado (a página escura), depois (a página alva), a página do meio (a vermelha) simbolizava o sangue de Cristo que o livrou de todo pecado.

BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. As epistolas de João. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
STOTT, J. R. W. I, II e III João: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1982.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Davi e Bateseba






“Pecados em série e suas conseqüências desastrosas”



A bíblia não se cala sobre os erros de seus personagens, mesmo daqueles considerados de grande importância. Esta é uma forte evidência a favor de sua veracidade.
Davi, no dia da batalha, preferiu ficar em casa descansando (ISm.11.1). Aquele que se mostrara tão audacioso no confronto com Golias, agora deixa que outros enfrentem o inimigo. Estaria acomodado após a conquista do trono? Seria uma questão de preguiça, negligência, omissão? Talvez. Sendo rei, podia fazer ou deixar de fazer o que quisesse. Contudo, a soberania sem limites criou oportunidade para o pecado. Houve mau uso de sua liberdade.
Estando no terraço, ocioso, talvez com a mente vazia, viu uma mulher tomando banho. O homem é muito influenciado pelo que vê. Davi não era diferente. Bate-seba, por sua vez, foi imprudente ou mal-intencionada, ao desnudar-se sem os devidos cuidados. Imediatamente, Davi mandou que a buscassem para si. Quem poderia resistir à ordem do rei? Entretanto, verificou-se ali o abuso de autoridade, a serviço da cobiça e do egoísmo. A concupiscência tomou o lugar do amor ao próximo. Todo líder precisa ser vigilante no uso das prerrogativas de sua posição, reconhecendo os limites de sua autoridade. A função de liderança não significa permissão para o pecado nem isenção de responsabilidade. O súdito ou subordinado não deve ser usado como objeto de exploração ou manipulação.
Davi cometeu adultério com Bate-seba e não imaginou que pudesse ser descoberto. Afinal, não houve testemunhas daquele crime (IISm.12.12). Se a mulher dissesse alguma coisa, ninguém acreditaria e ela ainda poderia sofrer punições por acusar o rei.
Quando Bate-seba voltou para casa, o problema parecia encerrado. Contudo, era apenas o início de um longo pesadelo. Muitos cometem atos ilícitos e pensam que tudo se encerrará ao amanhecer, mas caem em laços que os prendem pelo resto da vida.
O ato pecaminoso deu início a uma série de fatos descontrolados, numa seqüência cada vez mais complicada, irreversível e com desfecho trágico.
Na busca pelo prazer irresponsável, ocorreu o efeito colateral: uma gravidez indesejada. Daí em diante, o desejo de esconder o erro crescia junto com as evidências. Foi assim, desde o Éden (Gn.3.7-10).
Davi passou a se comportar como alguém que tenta, desesperadamente, conter um vazamento perigoso. Todavia, cada medida piorava ainda mais a situação. Seu primeiro plano inteligente para encobrir o pecado foi trazer para casa o marido, Urias, que estava no campo de batalha. Assim, todos pensariam que o filho era dele, ainda que alguns traços reais em seu rosto pudessem desmentir a opinião pública. Depois, o que seria daquele menino? Um pequeno príncipe, filho do rei, sem honra, sem palácio e sem herança.
A idéia de transferência da paternidade não funcionou. O soldado recusou-se a dormir no aconchego do seu lar, enquanto seus correlegionários estavam na guerra. Vemos ali um exemplo de solidariedade e renúncia.
Veio então o "plano B": providenciar a morte do marido. E assim foi feito. Urias foi devolvido ao comandante, levando, por meio de uma carta, sua própria sentença de morte. A maldade do rei adquiriu requintes de crueldade. O pecado traz muitas conseqüências, inclusive novos pecados, talvez até mais graves, para encobrir o primeiro. "Um abismo chama outro abismo" (Salmo 42.7). O adultério traz consigo as mentiras, as farsas, o esforço pelo sigilo e, naquele caso, produziu um homicídio. Entretanto, aquela morte foi muito bem arquitetada. Novamente, a inteligência do rei elaborou um plano astuto. Quem poderia dizer que Davi matou Urias? Afinal de contas, ele morreu em combate. Somente o general tinha conhecimento da ordem para que o soldado fosse colocado na linha de frente.
A pedra lançada num lago provoca uma turbulência na superfície que se propaga em forma de ondas em todas as direções. Assim acontece com o pecado cometido. Ele traz muitas conseqüências, algumas imprevisíveis, com efeitos negativos diversos, afetando o pecador e os que estão à sua volta, principalmente a própria família. O Antigo Testamento traz exemplos de famílias destruídas por causa do pecado de um de seus membros, geralmente do pai (Js.7.24-26; Num.16.31-32). No caso de Davi, sua família sofreu graves danos (IISm.12.10-12; 16.22). Também foi destruído o lar de Urias. Além disso, o filho do adultério morreu poucos dias depois do seu nascimento (IISm.12.18).
Notemos, portanto, a seqüência de fatos: adultério, gravidez indesejada, homicídio, morte do filho. Além disso, o mau testemunho de Davi foi motivo de blasfêmias por parte dos inimigos do Senhor (IISm.12.14), motivo pelo qual o castigo precisava ser de conhecimento público. Não permita que isto aconteça em sua vida. Não entre por esse caminho maligno.
O pecado tem algumas repercuções imediatas e outras a prazo. Seus efeitos afetam o passado, o presente e o futuro. Como pode afetar o que passou? Desvalorizando os êxitos anteriores, derrubando o que foi construído, destruindo lares e reputações, corrompendo os conceitos que já estavam consolidados. Quanto ao futuro, as portas se fecham, as expectativas se desfazem ou ficam bastante prejudicadas. O castigo passa a ser aguardado com temor. O pecado abre feridas e deixa cicatrizes. As gerações futuras também podem ser influenciadas negativamente, através de conseqüências naturais e espirituais. No mínimo, receberão o mau exemplo. Na pior das hipóteses, serão exterminadas, como aconteceu com muitos descendentes de Cão.
Depois da morte de Urias, Davi imaginou que seu pecado estivesse seguramente encoberto. Por fim, casou-se com Bate-seba que, nesse tempo, já estava viúva. Aí então, o rei deve ter pensado que tudo estivesse regularizado. Entretanto, o casamento, por si só, não apaga o adultério nem purifica pecados. É preciso arrependimento, conversão e perdão. Davi tomou muitas providências para controlar o caos que ele mesmo provocou, mas foi em vão. As soluções humanas não são suficientes para resolver problemas espirituais causados pelo pecado. A vida de Davi parecia continuar dentro da normalidade, quando o profeta Natã veio lhe fazer uma visita. Deus vê todas as coisas. Ele é testemunha e também juiz. Não existe pecado secreto.
"Esta coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do Senhor" (IISm.11.27).
O profeta recebe de Deus a dura incumbência de repreender o rei. O ministério profético, semelhante ao trabalho do oficial de justiça, é difícil, pois pode envolver grandes desafios e grandes riscos. O porta-voz de Deus não pode ser covarde nem medroso. Naquele tempo, sua missão de cobrar o cumprimento da lei fazia com que ele fosse rejeitado e perseguido (Mt.5.12). Sua companhia nem sempre era desejável. Contudo, seu galardão seria grande.
O profeta não é superior ao rei, mas a palavra de Deus, que é o Rei dos reis, está acima de qualquer autoridade humana. Natã foi até o palácio mostrar ao rei que a autoridade divina não pode ser desconsiderada pelo líder humano. O rei não está acima da lei divina. Chegou o momento da prestação de contas. O profeta veio trazer a acusação e a notificação da sentença, embora com oportunidade para que o réu se manifestasse. A abordagem precisava ser feita com sabedoria. Para tanto, uma parábola foi proposta. Davi, sendo músico e poeta, gostava de parábolas, principalmente sobre ovelhas. Contudo, esta não lhe seria agradável.
Ouvindo a respeito do erro do personagem fictício, o rei se apressou em pronunciar a condenação sobre ele (IISm.12.5). Somos rápidos para julgar os pecados alheios, e lentos para o reconhecimento dos nossos. Então, Natã revelou que o personagem pecador representava o próprio rei. Quando ouvimos a palavra de Deus, precisamos olhar para nós mesmos e não ficar tentando enquadrar as outras pessoas.
Ainda hoje, Deus envia sua palavra para mostrar o pecado, avisar sobre as conseqüências e oferecer misericórdia. Cabe ao pecador responder à voz de Deus e aproveitar sua oportunidade.
Davi poderia mandar matar Natã, dando seqüência à série de pecados que vinham sendo cometidos. Entretanto, ele escolheu aceitar a repreensão e se arrepender. Naquele momento, o rei muda a direção de sua vida. Isto é arrependimento. Naqueles dias, Davi compôs o Salmo 51, expressando todo o seu pesar e transformação.
Se não houvesse mudança, Davi morreria (IISm.12.13). Esta seria a próxima etapa em sua trajetória de transgressões. Afinal, o salário do pecado é a morte (Rm.6.23). Contudo, o rei tomou a decisão correta, escolheu o perdão e a vida. Davi foi perdoado (IISm.12.13).
A todos os pecadores, Deus chama ao arrependimento (At.17.30). Os danos causados pelo pecado podem ser muitos, mas o Senhor deseja livrar nossas almas do inferno, que é a última estação para os que insistem em andar longe dos caminhos do Senhor.
Deus perdoa, mas muitas conseqüências permanecem. Portanto, a prevenção é o melhor remédio. O filho daquela união morreu. Um inocente sofreu a conseqüência do pecado de seu pai. Devemos ser cuidadosos para que os nossos filhos não sejam vítimas de nossas iniqüidades. Sejamos sábios e não loucos. Sábio é aquele que escolhe a justiça e a retidão.
O relato nos ensina sobre o caráter humano e o caráter divino. O amor e a misericórdia de Deus se destacam através do perdão concedido àquele que cometeu pecados tão graves. Talvez não sejamos capazes de perdoar erros de tal magnitude (IISm.12.5).
Por outro lado, a misericórdia de Deus não deve ser utilizada como desculpa para a prática do pecado, pois as conseqüências deste podem ser tão devastadoras a ponto de exterminar o pecador antes do arrependimento e do perdão.
Aprendamos com a história de Davi. Aquele grande servo de Deus cometeu graves pecados, mas não permaneceu neles. Que Deus nos ajude, para que nossas vidas sejam conduzidas dentro da sua vontade, de acordo com a sua palavra, produzindo motivos de glória para o seu nome.

Anísio Renato de AndradeBacharel em Teologia

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Viajando juntos

Administração das diferenças em prol dos objetivos comuns

Sob a liderança de Moisés, Israel saiu do Egito, iniciando uma longa jornada em direção à terra prometida. Eram seiscentos mil homens, sem contar as mulheres e crianças (Êx.12.37). Fazendo uma estimativa por baixo, podemos considerar que o povo ultrapassava o número de um milhão e oitocentas mil pessoas.

A viagem pelo deserto é uma das mais difíceis que alguém possa realizar. Tal empreitada só foi levada a cabo por causa da intervenção divina. Muitas dificuldades e desafios surgiram no meio do caminho. Um deles era a questão da convivência entre as pessoas. Se em qualquer situação ou lugar ocorrem desentendimentos, o deserto, então, devia aquecer os ânimos e acender as contendas.

Quando duas pessoas se unem, as diferenças logo se manifestam e o contraste se torna evidente. O que dizer então de milhares de pessoas viajando juntas? Houve no meio daquele povo grande quantidade de conflitos e problemas de relacionamento. Pouco depois da saída do Egito, Moisés já exercia a função de juiz, procurando resolver as divergências que se multiplicavam. (Êx.18.13-26).

A providência imediata para minimizar os atritos foi a promulgação da lei, a partir de Êxodo 20. Observando os estatutos do Senhor, Israel viajaria com mais tranqüilidade.

Um conflito digno de nota foi o ocorrido quando Aarão e Miriã se rebelaram contra Moisés (Núm.12). Tal insubordinação podia ter sido o fim da convivência entre os três irmãos. Entretanto, o pecado de Aarão e Miriã foi perdoado e, no capítulo seguinte, continuavam ao lado de Moisés, seguindo na mesma direção.

As diferenças entre os israelitas eram inúmeras, mas eles continuavam juntos porque eram unidos por fortes laços e possuíam um objetivo em comum: a terra de Canaã. Não podiam se separar, pois faziam parte do mesmo projeto divino. Precisavam ser perseverantes, apesar das dificuldades.

Podemos comparar Israel com a igreja de Jesus. Aquela viagem em direção a Canaã se assemelha à execução dos nossos projetos, envolvendo várias pessoas, em grandes ou pequenos grupos, inclusive na família.

Aqueles que nos dão o prazer de sua companhia, também podem nos trazer algumas contrariedades, assim como fazemos a eles. Isto não se dá, necessariamente, por uma questão de erro ou pecado, mas, simplesmente, em função das diferenças individuais.

Somos muito diferentes uns dos outros, mas temos também muita coisa em comum, como Paulo escreveu aos efésios:

“Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo; Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos e por todos e em todos vós” (Ef.4.1-6).

Estamos viajando juntos. O desejo do Inimigo é que nos separemos. Ele quer ver os irmãos brigando, os casais se separando, os amigos se afastando e as igrejas se desintegrando. Entretanto, o propósito de Deus é que aprendamos a sua palavra e a vivamos, de maneira que os conflitos sejam menos freqüentes. Se, porém, eles ocorrerem, existe um remédio: o perdão.

Deus sempre tem nos perdoado. Caso contrário, ele já não andaria mais conosco. Nós, porém, algumas vezes manifestamos dificuldades para perdoar o próximo, o irmão, o líder ou o cônjuge.

Em nossa vida, também atravessamos desertos. São fases difíceis, onde tudo parece complexo, as necessidades são muitas e os recursos são poucos. O ambiente torna-se então propício às discórdias, acusações e inimizades. Contudo, precisamos vencer tudo isso, sendo perseverantes em nossa caminhada. Sem perdão, compreensão, paciência e longanimidade, não chegaremos juntos a lugar algum.

“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt.5.7), mas aquele que não perdoa, não será perdoado (Mt.6.14-15). Enfim, não poderá ficar em igreja alguma, em grupo algum. Acabará isolado por causa da dureza do seu coração e, sozinho, deixará de alcançar muitos objetivos na vida.

No trato com as outras pessoas, cada um de nós sempre deve se lembrar de sua própria imperfeição. Assim, estaremos mais aptos a suportar as imperfeições alheias, perdoando e amando.

Concluída a travessia do deserto, Israel entrou em Canaã. Também hoje, na igreja, no trabalho, nos grupos e no lar, o amor preservará a unidade. Assim, cumpriremos nossa missão e alcançaremos os objetivos para os quais o Senhor nos escolheu, nos chamou e nos uniu.


Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
Professor do Steb - Seminário Teológico Evangélico do Brasil

sábado, 18 de julho de 2009

Carta à Igreja de Laodicéia

“Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca. Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. (Apocalipse 3.14-22).

Laodicéia era uma cidade rica da Ásia Menor. Localizada junto à principal estrada da província, sua posição era estratégica para o comércio. A igreja local gozava de boa situação financeira, o que acabou se tornando motivo de orgulho e de uma injustificável satisfação, como se aprosperidade material fosse mais importante que a condição espiritual.

Certamente, aquela congregação tinha algum poder econômico, mas era fraca na fé. Quando se estabelecia algum propósito de ordem financeira, havia recurso abundante para sua realização. Apesar de tudo isso, Deus não estava satisfeito com a igreja. Os valores materiais tomaram o lugar dos espirituais.

Quem coloca o dinheiro em primeiro plano, acaba buscando a Deus apenas pelo dinheiro ou tenta fazer negócios com Deus através de dízimos e ofertas. Por outro lado, se o dinheiro é abundante, corre-se o risco de imaginar que ele seja a principal solução para os problemas da vida. Assim, a oração, o jejum e a busca ao Senhor podem acabar em último lugar ou até ficar sem lugar.

É possível que estas questões estejam diretamente ligadas à mornidão daquela igreja. Morno é aquele que está no meio do caminho, indeciso, vacilante, indefinido. É a condição de quem não desiste do evangelho nem está disposto a investir sua vida na causa de Cristo. É o caso daquele que acredita no Espírito Santo, mas não o deixa agir; não abandona Jesus nem se dedica a servi-lo.

Contudo, a igreja estava contente consigo mesma. Aqueles irmãos tinham uma auto-imagem bastante positiva. Diziam: “somos ricos e de nada temos falta” (Ap.3.17). Sua auto-avaliação era fundamentada em conceitos terrenos e mundanos.

Veio, porém, a palavra do Senhor, trazendo o conceito divino sobre a realidade espiritual dos laodicenses. Eles eram espiritualmente miseráveis, pobres e nús, mas não sabiam disso porque estavam cegos. A condição material daquela igreja disfarçava sua lástima espiritual. Da mesma forma, nos nossos dias, muitas pessoas vivem iludidas pelo materialismo e deixam de buscar a realização da alma e do espírito. Outros, até mesmo convertidos, esperam que o evangelho lhes garanta riqueza neste mundo. Não lhes interessa a volta de Cristo ou o reino celestial.

Precisamos retornar à palavra de Deus, a bíblia, pois só ela pode curar nossa cegueira ou corrigir a visão distorcida que temos sobre nós mesmos. Assim, saberemos o que nos falta: valores espirituais que só podem ser conseguidos do próprio Deus e não por dinheiro.

A teologia de algumas igrejas encontra-se contaminada pelo capitalismo. Arrecadação, lucro, riqueza e luxo têm se tornado objetivos primordiais para muitos cristãos. O normal seria que todo servo do Senhor estivesse em busca de um caráter irrepreensível, formado por virtudes espirituais. Ser rico ou pobre, materialmente, é questão de importância secundária.

“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm.14.17). “O fruto do Espírito é amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e domínio próprio”. (Gálatas 5.22).

Bens materiais são necessários para a vida terrena. Contudo, não podemos colocá-los em primeiro lugar. Nossa relação com Deus não deve ser construída sobre aspirações materialistas.

O Senhor exibiu um trágico retrato da igreja de Laodicéia, mas ofereceu também a solução: “Aconselho-te que, de mim, compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas.” (Ap.3.18).

A igreja precisava se aproximar de Deus em busca de valores espirituais, sendo o principal deles a pureza das vestes, ou seja, uma vida de santificação.

Na carta à igreja de Laodicéia não existe nenhuma palavra de elogio. Contudo, temos uma declaração do amor de Deus por aquele povo decadente (3.19). Deus declarou seu amor tanto pelos irmãos de Filadélfia quanto pelos de Laodicéia (3.9). Isto vem apenas confirmar que somos amados, não por nosso merecimento, mas pela vontade soberana de Deus na manifestação de sua própria natureza. Todavia, o texto traz uma advertência velada: Embora o amor de Deus seja um fato (3.19), isto não impedirá que ele vomite os mornos (3.16). Não devemos nos iludir, pois, tão real quanto o seu amor é a sua justiça.

Deus aconselha (3.18), repreende e castiga (3.19). Contudo, ele não obriga seus filhos a mudarem. Isso fica bem ilustrado no versículo 20. O Senhor está à porta e bate. Ele não arromba, não força. Ele espera que atendamos à sua voz e abramos a porta. Na carta à igreja de Filadélfia, Deus abriu uma porta (Ap.3.8). No caso de Laodicéia, é a igreja que deve abrir a porta para Deus (Ap.3.20). Quantas portas o Senhor abriu para nós? Quantas bênçãos ele nos deu? Em outros momentos, ele espera que nós lhe abramos a porta, dando ouvidos à sua voz, assumindo uma postura de aceitação, compromisso e intimidade com ele, permitindo que ele entre e domine todas as áreas da nossa vida.

Quem abrir a porta, recebendo o senhorio de Jesus, será também por ele recebido na glória celestial, conforme se lê no versículo 21: “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono”.

“Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap.3.22).


Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
Professor do Steb - Seminário Teológico Evangélico do Brasil

 
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