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terça-feira, 30 de junho de 2009

Lição 01/A primeira carta de João/Subsídios



A PRIMEIRA CARTA DE JOÃO
Texto Áureo: II Tm. 3.16 - Leitura Bíblica em Classe: I Jo. 1.1-4

Objetivo: Mostrar que essa carta, divinamente inspirada, é aplicável a todo leitor que deseja ter sua vida no centro da vontade de Deus.

INTRODUÇÃO
Ao longo deste trimestre estudaremos a I Carta de João. Essa é uma das cartas mais significativas do Novo Testamento. Caracteriza-se por uma estrutura bastante distinta em relação as demais. O conteúdo é contundente na argumentação contra os falsos mestres. Seu estilo e teologia se coadunam com o Evangelho do mesmo autor. Nas aulas dos próximos três meses teremos as seguintes lições: 1) a Primeira Carta de João; 2) Jesus, o Filho Eterno de Deus; 3) Jesus, a Luz do Crente; 4) Jesus, o Redentor e Perdoador; 5) A força do amor cristão; 6) o sistema de viver do mundo; 7) a chegada do Anticristo; 8) A nossa Eterna salvação; 9) O crente e as bênçãos da salvação; 10) os falsos profetas; 11) o amor a Deus e ao próximo; 12) O testemunho interior do crente; e 13) A segurança em Cristo. Na lição de hoje, trataremos a respeito da autoria dessa carta, do seu propósito e apresentaremos uma visão panorâmica de sua divisão.

1. A AUTORIA DA CARTA
O autor de I João não se identifica na Carta. Ao que tudo indica seus “filhinhos” os reconheceria sem problemas. Uma pista nos é dada em II e III João nas quais o autor se apresenta como o “ancião”. Mesmo o evangelho, do mesmo autor de I João, diz ser “o discípulo a quem Jesus amava” (Jo. 21.20; 13.23). Com base nessas passagens do evangelho e a semelhanças contundentes, atribui-se a autoria da Carta a João, o discípulo, filho de Zebedeu (Mt. 4.21), que a teria escrito entre os anos 85 a 95 d. C. Existem evidências externas da pena de Irineu e do Cânon Muratoriano que atribuem e assumem que I João e o evangelho são do mesmo autor. O João, apóstolo de Cristo e autor dessa epístola, era, como seu pai, pescador de Betsaida, na Galiléia, e trabalhava no lago de Genezaré (Mt. 4.18,19). Sua família parece ter vivido em condições favoráveis, já que seu pai tinha empregados (Mc. 1.20), a sua mãe era uma das mulheres piedosas que seguiam a Jesus e que desde a Galiléia servia ao Senhor com seus bens (Mt. 27.26). João, inicialmente, seguia João Batista, e depois, com seu irmão André, passou a seguir a Cristo (Jo. 1.35-40). A chamada de João e de seus irmãos está registrada em Mt. 4.21,22 e em Mc. 1.19,20. Tratava-se de um dos doze apóstolos (Mt. 10.2). Jesus deu a ele e ao seu irmão o nome de Boanerges (Mc. 3.17), talvez por causa do seu temperamento impulsivo (Mc. 9.38,39; Lc. 9.51-56) e pelas ambições pessoais (Mc. 10.35-40). Ao final, ele foi modificado pelo amor de Jesus e passou a ser denominado de “o discípulo a quem Jesus amava” (Jo. 21.20). Como os demais discípulos, João se distanciou do Mestre após a prisão, mas depois o seguiu até o palácio do sumo sacerdote (Jo. 18.15) e estava presente no Calvário (Jo. 19.26,27). Em companhia de Pedro visitou o túmulo vazio de Jesus (Jô. 202-8) e reconheceu o Senhor na pesca milagrosa (Jo. 21.7). Para a tradição eclesiástica, João teria ficado em Jerusalém até a morte de Maria, a mãe de Jesus, que teria acontecido por volta do ano 48 d. C. e que depois de ter deixado Paulo na Ásia Menor, passou a residir em Éfeso e criado diversas igrejas naquela região. Durante a perseguição de Domiciano, foi desterrado para a ilha de Patmos, no mar Egeu, onde teria escrito o Apocalipse. Anos depois teria sido libertado e retornado a Éfeso onde permaneceu até sua morte, que teria ocorrido por volta do ano 100 d. C. De acordo com Jerônimo, João pela sua idade avançada, não mais podia pregar, por isso, pedia que o levassem ao templo e então contentava-se em exortar a igreja dizendo “Filhinhos, amai-vos uns aos outros”.

2. O PROPÓSITO DA CARTA
O propósito da Carta é apresentado por João no capítulo 5 e versículo 13. Ele procurar reforçar e consolidar o Evangelho, assegurando aos crentes que eles têm vida eterna. A Carta é também uma apologia contra as falsas doutrinas que estavam adentrando a igreja. Os Gnósticos, um ensinamento esotérico dos tempos primitivos da igreja, questionavam a encarnação do Verbo. Eles negavam também que Jesus fosse o Filho de Deus. A esses João denomina de enganadores e anticristos (2.22; 4.15; 5.1). Eles também negavam a humanidade de Cristo, opondo-se, assim, à comunicação de Deus com os homens através do Logos que se fez carne. João combate com veemência essas falsas doutrinas ao longo de sua epístola universal (4.3), declara, logo no início, que ele pôde tocar o corpo de Jesus (1.1). Como se isso não fosse o bastante, defendiam ainda a liberdade para pecar, argumentando que o pecado não atingiria a alma, apenas o corpo. O Apóstolo refuta esse ensinamento imoral ao declarar que todo pecado é iniqüidade (3.4) e que é na comunhão com Deus que o cristão é purificado, sendo reconhecido como filho de Deus (2.5; 3.8-10; 4.13; 5.11). A Epístola destaca a natureza da comunhão com Deus (1.3), pois Ele é luz (1.5), portanto, o homem deve ser purificado e remido (1.7; 2.2) e também santo (2.3-7). Como Deus é amor, devemos também amar-nos uns aos outros (2.10). Como Deus é justo, os Seus filhos também devem ser (2.29-3.3) Cristo veio para tirar o pecado do mundo e nEle não há pecado, portanto, devemos ser santos (3.4-10). O amor sacrificial dEle deve ser o modelo do amor cristão em relação ao próximo (3.11-18). O amor é parte essencial da natureza de Deus (4.7,8).

3. PANORAMA GERAL DA CARTA
A Carta de I João é uma das mais difíceis de esboçar do Novo Testamento. Alguns estudiosos argumentam, com bastante sentido, que João, nessa Epístola, não tem qualquer intenção de seguir um planejamento lógico. Mesmo assim, tentaremos, nas próximas linhas, traçar um panorama geral da Carta: 1) A base da vida cristã (1.1-5); 2) O significado do andar na luz (1.5-2.2); 3) Resultados da comunhão com o Pai (2.3-3.28): obediência (2.3-5), semelhança com Cristo (2.6), amor (2.7-11), separação (2.12-17), ortodoxia (2.18-28); 3) Justiça sinal de filiação (2.39-3.24): a realidade da filiação (2.29-3.3), a possibilidade da pureza (3.4-10), a essência da justiça (3.11-18), os resultados da justiça (3.19-24); 4) A necessidade da prática da discriminação e do discernimento espiritual (4.1-6); 5) o amor, prova da filiação (4.7-21): origem (4.7,8), significado (4.9,10), inspiração (4.11-16), atividade (4.17-21); 6) grandes certezas do crente (5.1-20): a vitória sobre o mundo (5.1-4), o caráter final de Jesus Cristo (5.5-12), a realidade da salvação (5.13), da oração respondida (5.18-20); 7) Admoestação contra a idolatria (5.21).

CONCLUSÃO
Essa Primeira Carta de João foi escrita para uma comunidade cristã que enfrentava a ameaça Gnóstica do Século I da Era Cristã. Ao tratar a respeito desse tema, o Apóstolo defende o valor da vida coerente, e principalmente, em comunhão com Deus e em amor entre os irmãos. O propósito central da Carta pode ser resumido no seguinte versículo: “Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus” (I Jo. 5.13).

BIBLIOGRAFIA
BOILE, J. M. As epistolas de João. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
STOTT, J. R. W. I, II e III João: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1982.

Fonte:Sbsídios EBD

Utilize seu potencial - 1


Podemos ir além de onde fomos e fazer muito mais do que já fizemos.
"Criou Deus, pois, o homem, à sua imagem, à imagem de Deus o criou;
homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Crescei e
multiplicai-vos, enchei a terra..." (Gn.1.27-28).
Ao criar o primeiro homem e a primeira mulher, Deus começou o que
não podíamos começar. Cabe, porém, a nós a continuidade expressa na
ordem: "Crescei e multiplicai-vos". Além da questão reprodutiva,
presente no texto, podemos perceber ali princípios permanentes que
podem ser aplicados em diversas áreas da nossa vida. Deus determinou
um objetivo, uma missão: encher a terra, mas, antes disso, deu a
bênção, que incluía o potencial necessário para que o homem pudesse
concretizar a vontade divina. Entretanto, se essa capacidade, esse
poder, deixasse de ser usado, Adão e Eva ficariam sós, no mesmo
lugar, para sempre.
Muitas vezes, assumimos o papel de expectadores, querendo que Deus
faça tudo, quando, de fato, o que falta é a nossa parte. Queremos
que ele visite os hospitais e os presídios, quando nós é que
deveríamos visitar. Queremos a conversão das almas, mas deixamos de
evangelizar. Algumas bênçãos que pedimos não são dadas porque elas
devem ser fruto do nosso próprio trabalho.
Mesmo que o pecado não acontecesse, o homem precisaria sair do
jardim um dia. Ele não seria expulso, nem teria o caminho de volta
bloqueado, mas seria necessária sua ida a outros lugares. Afinal,
sua autoridade era sobre toda a terra (Gn.1.28) e não apenas sobre o
Éden.
O jardim era um lugar de delícias, com todo suprimento, conforto e
felicidade. Contudo, havia muito mais a se fazer para que o objetivo
fosse cumprido. Qual é o seu paraíso? Muitas pessoas permanecem
definitivamente na casa dos pais, na cidade natal, etc. Talvez seja
necessário sair do jardim, no tempo certo, sob a direção de Deus,
para alcançar o mundo. É preciso coragem para sair da zona de
conforto, enfrentando novos desafios e dificuldades. Existe um
grande potencial em cada um de nós que precisa ser utilizado. Não
podemos desperdiçá-lo.
A ordem divina, que lemos em Gênesis 1 (enchei a terra), expressa
também o limite da autoridade humana. Deus não nos deu o domínio do
universo, mas da terra. No entanto, nós estabelecemos limites muito
mais restritos para a nossa ação. Foi o que aconteceu com os homens
de Sinear, quando decidiram se fixar em uma planície, onde
construiriam uma torre. Deus os dispersou para que o processo de
conquista da terra continuasse (Gn.11). Queremos morar no vale, mas
Deus quer que subamos às montanhas.
Podemos ir além de onde fomos e fazer muito mais do que já fizemos,
porque existe em nós um potencial maior do que possamos imaginar. A
proposta bíblica para nós é: plenitude (Rm.15.29; Ef.3.19; 4.13;
Col.2.2). Não podemos nos contentar com menos do que isso no que diz
respeito a tudo o que possa ser feito para a glória de Deus através
de nós.
Ao vermos uma lagarta, podemos sentir nojo. Não a valorizamos nem
desejamos tocá-la. Contudo, ela tem dentro de si o potencial para se
tornar uma linda borboleta.
Uma pequena semente pode ser desprezada, mas tem dentro de si a
capacidade para se tornar uma grande árvore e produzir muitos
frutos.
O barro espalhado pelo chão é sinônimo de sujeira, mas, nas mãos do
oleiro, pode se tornar uma obra de arte caríssima.
Cada um de nós deve se conscientizar da capacidade que Deus nos deu.
Precisamos vislumbrar o que ainda podemos ser e fazer. Precisamos sê-
lo, enquanto é tempo.
Basta olharmos para as grandes realizações da humanidade para termos
uma idéia do espantoso potencial do ser humano. Sua inteligência e
criatividade sempre superam suas próprias expectativas. Entretanto,
é relativamente pequeno o número de pessoas que exploram a fundo
suas capacidades. A esmagadora maioria vive como a larva que nunca
voou. Lagarta e borboleta não são espécies distintas, assim como os
grandes homens da história ou os heróis da bíblia não são diferentes
de nós em termos de capacidade mental (Tg.5.17). O que acontece é
que eles foram além de seus limites aparentes, enquanto a maioria de
nós permanece eternamente na mediocridade.
Sob o aspecto natural, cada pessoa pode fazer muito mais do que já
fez. Precisa acreditar nisso e agir, investindo em si mesmo,
trabalhando e crescendo.
Se o homem natural pode fazer tanto, o que dizer do espiritual? Se o
potencial humano já é imenso, o que acontecerá se for incrementado
pelo potencial divino? Esta é a possibilidade apresentada pelo
cristianismo. Deus deseja se manifestar através dos homens. Ele não
precisa disso, mas quis nos dar esta honra. Seria como juntar
pólvora e fogo. O resultado é uma explosão. No reino de Deus, não
podemos fazer nada sem ele, mas, se tivermos a ação do seu Espírito
em nós, não haverá limites para as nossas realizações. Deus
é "poderoso para fazer tudo, muito mais, abundantemente, além
daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera"
(Ef.3.20).
Na disputa com os profetas de Baal (IRs.18), Elias construiu um
altar e colocou sobre ele o sacrifício. Depois, Deus enviou fogo do
céu para consumir o holocausto. Se queremos fogo divino, precisamos
construir o altar. Existe muito que podemos fazer na busca ao
Senhor. Ele responderá com poder. O potencial divino trabalha neste
mundo junto com o potencial humano. Às vezes, queremos que Deus
construa o altar. Ajoelhamos, oramos e esperamos. Queremos ver as
pedras saindo do lugar, quando nós é que deveríamos movê-las.
Se temos forças para caminhar, não podemos ficar parados. Em
qualquer área da nossa vida, o caminho para a excelência é muito
longo, mas precisamos dar o próximo passo, sem demora. O tempo passa
rapidamente. Um dia, olharemos para trás e faremos um balanço da
nossa vida. O que teremos realizado? O tempo é agora. Levantemo-nos
para agir, utilizando o potencial que Deus nos deu.

Anísio Renato de Andrade
Bacharel em Teologia

sábado, 27 de junho de 2009

A LAVOURA E O TEMPO


"Porventura lavra continuamente o lavrador, para semear? ou está
sempre abrindo e desterroando a sua terra? Não é antes assim: quando
já tem nivelado a sua superfície, não espalha a ervilhaça, não
semeia o cominho, não lança nela o melhor trigo, ou cevada no lugar
determinado, ou o centeio na margem? Pois o seu Deus o instrui
devidamente e o ensina" (Is.28.24-26).

Durante todo o período correspondente às narrativas bíblicas, a
agricultura foi uma das principais atividades econômicas. Nela se
ocupava grande parte da população ativa. Por esta causa, a figura do
lavrador e o seu trabalho aparecem com freqüência nas Sagradas
Escrituras, servindo como ilustração para ensinos morais e
espirituais diversos.
O profeta Isaías estava perguntando: Será que lavrador lavra o tempo
todo? Sabemos que não. Pois este é apenas o início do seu trabalho,
que inclui muitas outras tarefas.

A lida no campo pode ser resumida nas seguintes etapas:

1 – Lavrar – Depois de escolher uma boa terra, deve-se prepará-la,
tirando pedras e ervas daninhas, nivelando e revolvendo o solo para
que se torne receptivo e adequado para a semente. Nessa parte entra
o trabalho com o arado, geralmente puxado por uma junta de bois,
unidos pelo jugo.
"Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino
de Deus" (Lc.9.61).
"Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas"
(Mt.11.29).

2 - Semear – Além de preparar o solo, o homem do campo precisa
selecionar a semente, conforme sua espécie, quantidade e qualidade,
e lançá-la à terra. A semeadura parece um desperdício, uma perda. É
como se a semente fosse jogada fora. Por isso muitos não semeiam.
Preferem comer toda a semente, pois sua visão está apenas no aqui e
no agora. O semeador vê o futuro e por isso renuncia sua semente no
presente.
"Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão;
pois tu não sabes qual das duas prosperará, se esta, se aquela, ou
se ambas serão, igualmente boas" (Ec.11.6).
"Semeai para vós em justiça, colhei segundo a misericórdia; lavrai o
campo da lavoura; porque é tempo de buscar ao Senhor, até que venha
e chova a justiça sobre vós" (Os.10.12).

3 – Esperar a chuva – Por mais que o homem do campo trabalhe, ele
também depende de Deus. Quanto maior a lavoura, maior é essa
dependência. O lavrador sabe que nem tudo está em suas mãos. Sua
parte já foi feita, com muito esforço. Agora é preciso ter fé e
paciência.
"Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, e regozijai-vos no Senhor vosso
Deus; porque ele vos dá em justa medida a chuva temporã, e faz
descer abundante chuva, a temporã e a serôdia, como dantes" (Joel
2.23).

4 – Germinação – em contato com a água, a semente germina, lançando
seus renovos. É vida que nasce da morte. A semente estava sepultada.
Aquele parecia seu fim, mas Deus realiza o milagre do renascimento.
A palavra que sai da boca de Deus é como a chuva. Ela cai em nossos
corações e nos renova, vivifica e nos faz crescer.
"Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra
não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto" (João
12.24).
"Porque, assim como a chuva e a neve descem dos céus e para lá não
tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir e brotar, para que dê
semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que
sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que
me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei" (Is.55.10-11).

5 – Cuidar da lavoura – O agricultor precisa zelar pela plantação.
Enquanto as plantas são pequenas, é necessário evitar que sejam
pisadas. Em todo o tempo, é importante cuidar para que ninguém as
arranque. É necessário também vigiar por causa das pragas, insetos,
aves e animais.
"Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas;
pois as nossas vinhas estão em flor" (Ct.2.15).

6 – Esperar pelo fruto – O lavrador precisa ser paciente, enquanto
cuida da lavoura e aguarda a produção. Antes do fruto, muitas ervas
e árvores produzem flores. É o maravilhoso anúncio do resultado
final que se aproxima. Depois do surgimento dos frutos ainda é
preciso esperar que amadureçam. Enquanto isso, os cuidados aumentam.
"Levantemo-nos de manhã para ir às vinhas, vejamos se florescem as
vides, se estão abertas as suas flores, e se as romanzeiras já estão
em flor" (Ct.7.12a).
"Portanto, irmãos, sede pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o
lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com
paciência, até que receba as primeiras e as últimas chuvas" (Tg.5.7).

7 – Colher os frutos – Enfim, chega a época da colheita, como
recompensa por todo o labor e espera do lavrador.
"Aquele que sai chorando, levando a semente para semear, voltará com
cânticos de júbilo, trazendo consigo os seus molhos" (Salmo 126.6).

Um dos principais elementos que regem a vida do agricultor é o
tempo. Ele precisa conhecer as estações do ano e agir de acordo com
cada uma delas, plantando, cuidando, esperando e colhendo. Ele não
pode inverter a ordem. Não é possível colher sem ter plantado, a
não ser que se queira roubar na propriedade alheia.
As tarefas agrícolas não podem ser realizadas com muita antecipação
nem com atraso. Na época da chuva não é possível preparar o solo nem
lançar a semente. O resultado seria um grande lamaçal, com a
enxurrada carregando os grãos. Quando chega a época da ceifa, é
possível que o lavrador já esteja muito cansado, mas ele não pode
relaxar. Adiar a colheita pode significar perda total.
"Abundância de mantimento há na lavoura do pobre; mas se perde por
falta de juízo" (Pv.13.23).
O ciclo da agricultura é comparável à vida de cada um de nós, com
muito trabalho, fé em Deus, paciência e produtividade. Salomão
comparou a juventude à primavera (Ec.11.10). Nossa existência é
dividida em estações, com tempos adequados para cada propósito. Não
podemos ignorar tal coisa. Não devemos ser precipitados em nossas
realizações, adiantando demais os fatos, nem ser omissos,
negligentes ou preguiçosos, deixando de fazer aquilo que deve ser
feito no tempo certo.
"O que ajunta no verão é filho prudente; mas o que dorme na sega é
filho que envergonha" (Pv.10.5).
Vejamos alguns exemplos de inversão na ordem natural da vida: Há
muitas crianças trabalhando, quando deveriam estudar e brincar. Por
outro lado, muitos jovens só querem se divertir, quando deveriam
também estudar e trabalhar. Outros antecipam as relações sexuais, a
gravidez e a constituição da família, sem que tenham se preparado
para isso. Algumas vezes, encontramos pessoas bastante idosas que
estão ingressando na faculdade, porque não o fizeram na juventude.
Todo tempo é propício à aquisição do conhecimento, mas se isso
acontecer muito tarde, o indivíduo não colherá o que está plantando.
"Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para todo propósito
debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de
plantar, e tempo de arrancar o que se plantou" (Ec.3.1-2).
Muitos fatos ocorrem por força das circunstâncias, causando
desordem na vida. Compreendemos isso. Entretanto, há quem perca seu
tempo por outros motivos: preguiça ou negligência.
É imprescindível que cada um se conscientize do momento em que está
vivendo. Qual é a estação atual? Para muitos de nós, ainda é tempo
de semear, tempo de plantar. Não percamos a oportunidade.
Quando chega o tempo de colher, e não existe fruto aprazível, o
indivíduo começa a murmurar. Acusa Deus, o governo, os pais e a
família. Culpa o destino, revolta-se e se desespera. Entretanto, não
se recorda de sua negligência na época da semeadura.
Existem também aqueles que vivem praticando o mal sem saber que seus
atos são sementes. O que fazem hoje lhes será feito amanhã de modo
multiplicado.
"Falam palavras vãs; juram falsamente, fazendo pactos; por isso
brota o juízo como erva peçonhenta nos sulcos dos campos" (Os.10.4).
"Lavrastes a impiedade, segastes a iniqüidade, e comestes o fruto da
mentira" (Os.10.13).
"O que semear a perversidade segará males" (Pv.22.8).
"Pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gal.6.7).
Além dos estudos e do trabalho, seja natural ou espiritual, semeamos
em cada ato, palavra ou gesto para com o próximo. Cada semente, boa
ou má, se multiplicará e retornará para nós no tempo da ceifa.
Cabe, portanto, a cada um de nós, escolher bem as sementes para que
a nossa colheita seja excelente. Façamos hoje o deve ser feito, pois
amanhã pode ser muito tarde.
"E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos,
se não houvermos desfalecido" (Gal.6.9).
Queremos colher muito, mas semeamos pouco. Somos econômicos na
semeadura e ambiciosos na colheita. Fizemos algo para Deus ou para o
próximo e achamos que foi suficiente. Não se acomode. Trabalhe
mais. Semeie mais.
"Mas digo isto: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e
aquele que semeia em abundância, em abundância também ceifará"
(IICo.9.6).
"Eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos,
e o vosso fruto permaneça" (João 15.16).


Anísio Renato de Andrade

quinta-feira, 25 de junho de 2009

LIÇÃO 13/AMOR,A VIRTUDE SUPREMA/SUBSÍDIO

AMOR, A VIRTUDE SUPREMA
Texto Áureo: Rm. 5.5 - Leitura Bíblica em Classe: I Co. 13.1-13

Objetivo: Mostrar que o amor de Deus em nós não é um dom, mas o fruto do Espírito expresso na vida do verdadeiro cristão.

INTRODUÇÃO
A igreja de Corinto, conforme estudamos na primeira lição deste trimestre, era bastante fervorosa, isto é, tinha muitos dons. Por outro lado, era carente de espiritualidade, pois lhe faltava a demonstração do fruto do Espírito. Nessa última lição do trimestre, estudaremos, com base em I Co. 13, o amor, esse que é o fundamento do fruto do Espírito, o qual também tem primazia na lista das virtudes espirituais apresentadas por Paulo em Gl. 5.22.

1. AMOR, SIGNIFICADOS E DEFINIÇÕES
No grego do Novo Testamento, a palavra amor é “ágape”, cujo significado primário vem do amor puro e verdadeiro de Deus em relação ao Seu Filho (Jo.17.26), ao seu povo (Gl. 6.10) e à humanidade perdida que se rebelou contra Deus (Jo. 3.16; Rm. 5.8). A Bíblia declara que a natureza de Deus é o amor (I Jo. 4.8,16). Em Hb. 12.6, sabemos que, mesmo debaixo da correção divina, somos alvo do Seu amor. O amor a Deus é o fundamento da obediência (Jo. 14.21). O fruto do Espírito, conforme aponta Paulo em Gl. 5.22, é o amor e é na manifestação desse amor sacrificial que o mundo vê Cristo é nós (II Co. 5.14). Ainda no grego, diferentemente do português, existem verbos distintos para descrever os diferentes tipos de amores. O verbo “agapao” tem em Deus sua demonstração máxima, na verdade, o próprio Deus é amor (I JO. 4.9-10). Por isso, esse Deus age com amor em relação ao homem perdido (Jo. 3.16; I Jo. 3.1,16). Em resposta ao amor de Deus, o homem deve também amá-lo, bem como ao próximo (Mc. 12.30-33; Mt. 19.19; 22.39; Mc. 12.31; Rm. 13.8; I Jô. 3.11,23), especialmente aos domésticos na fé (Gl. 5.6; I Jô. 2.10). Os inimigos também entram na lista daqueles que devem ser amados por aqueles que foram alcançados pelo amor de Deus (Mt. 5.44; Lc. 6.35). O verbo “phileo” é usado para descrever a afeição nos relacionamentos pessoais, mais próximo do sentido de “amizade” (Jo. 11.3, 36; Tt. 3.15) Uma das passagens mais conhecidas do Novo Testamento, por fazer a distinção entre os verbos “phileo” e “ágape” e se encontra em Jo. 21.15-27, quando Cristo pergunta a Pedro se esse O ama.

2. A EXCELÊNCIA DO AMOR CRISTÃO EM I CO. 13
No capítulo 13, Paulo faz um parêntese na discussão a respeito dos dons espirituais a fim de tratar sobre o amor cristão e coloca esse como um caminho mais excelente. A intenção do apóstolo é mostrar aos crentes de Corinto, que supervalorizavam os dons espirituais, a importância de equilibrar o uso dos dons com a frutificação espiritual demonstrada em amor. A melhor linguagem do céu ou da terra, sem amor, é apenas barulho (v. 1), por isso, quem tem um dom espiritual, não pode se arvorar como se fosse melhor do que os outros e isso, com certeza, estava acontecendo na igreja daquela cidade. Por ser paciente, o amor tem uma capacidade inerente para suportar, ao invés de querer afirmar-se, o amor busca, prioritariamente, dar-se (v. 4). O amor não imputa o mal ao outro, sequer o leva em conta, não abriga ressentimentos pelas ofensas (v. 5). Alegra-se com a verdade, na verdade do evangelho (Jo. 5.56), que está em Jesus (v. 6).Tudo suporta, não fraqueja, não se deixa vencer em todas as dificuldades (v. 7). Os dons espirituais acabarão, no fim, quando Deus tiver cumprido o Seu plano (v. 9,10), mas o amor. A fé é importante, bem como a esperança, mas nada supera o amor (v. 13).

3. A SUPREMACIA DO AMOR CRISTÃO
O amor cristão é superior aos dons tanto pela qualidade quanto pela perenidade. Os dons cessarão, são apenas para esta vida, estarão disponíveis até Jesus voltar, o amor, no entanto, transcende ao tempo, é eterno. Por esse motivo, a prática dos dons espirituais na igreja não compensam a falta de amor. Os dons espirituais sem amor para nada servem. O amor cristão tem algumas características que não podem ser desprezadas: 1) é paciente e benigno – tem uma capacidade infinita para suportar as adversidades; 2) não se aborrece com o sucesso dos outros, não se ufana como um balão cheio de vento, mas sem conteúdo; não é egoísta, não busca apenas seus interesses; 3) não se ressente do mal – está sempre disposta a pensar o melhor das outras pessoas e não lhes imputa o mal; 4) tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta – significa que você abre mão de um direito que tem a favor do seu irmão, pois o amor perdoa e esquece a ofensa do outro.

CONCLUSÃO
O Amor é eterno. O temo grego é “piptei” e significa literalmente que ele não “falha” ou “entra em colapso”. O amor jamais cede às pressões, tem o poder de ultrapassar o tempo, alcançar a eternidade. É no amor que começamos a conhecer a eternidade de Deus. Quando amamos, estamos desfrutando já o que ainda está reservado para nós na eternidade. O amor é a caminho para a maturidade, é o cumprimento da lei, é o maior de todos os mandamentos, é a apologética contundente. Uma igreja sem amor está adoecida e precisa urgentemente de ser curada por Aquele que é Amor e que levou esse amor ao extremo sacrificando-se pelos pecadores. Ele nos amou de uma maneira tal que enviou Seu Filho em sacrifício pelos pecados (Jo. 3.16), nós, em resposta a esse amor, devemos também amar os irmãos e nos sacrificar-nos por eles (I Jô. 3.16), mas esse é um assunto que aprofundaremos no próximo trimestre.

BIBLIOGRAFIA
LOPES, H. D. I Coríntios. São Paulo: Hagnos, 2008.
MORRIS, L. I Coríntios: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2007.

Fonte:Subsídio EBD

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A MISSÃO DE NEEMIAS


Servindo ao Senhor na restauração de Jerusalém.

Após o final do exílio na Babilônia e a conquista daquele império pela Pérsia,
muitos judeus ali permaneceram. Por este motivo, encontrava-se Neemias na cidade
de Susã, no ano 445 a.C., trabalhando como copeiro do rei Artaxerxes Longímano
(Ne.1.1).
Certo dia, seu irmão Hanani trouxe-lhe notícias de Jerusalém. A cidade estava
assolada, com seus muros derrubados e as portas queimadas.
A situação de Neemias no palácio era excelente. Ele poderia ter ficado
indiferente ao sofrimento do seu povo na Palestina. Entretanto, demonstrou
grande empatia com sua gente, com tristeza e pranto.
De imediato, aprendemos algumas lições com aquele homem de Deus: Não podemos
olhar apenas para nossa condição pessoal, quando muitos estão sofrendo, perdidos
e sem perspectiva. Não podemos ser insensíveis e indiferentes. Entretanto, as
emoções não representam um fim em si mesmas, senão apenas o início de um longo
processo. Neemias, não apenas chorou, mas também orou e jejuou (Ne.1.4-5). Ele
sabia que a realidade natural era resultado de fatores espirituais. Sabia também
que era necessária e imprescindível a intervenção divina a favor da Cidade Santa
e do povo escolhido.
Terminada a oração, Neemias entregou tudo nas mãos de Deus e voltou à sua rotina
como se nada houvesse acontecido? De modo nenhum. Em muitas situações, a oração
não deve ser um ponto final, mas apenas uma das providências a serem tomadas.
Depois da oração, Neemias partiu para a ação, solicitando permissão ao rei para
se retirar por algum tempo a fim de conferir a condição de Jerusalém e
reconstruir a cidade. Nota-se que aquele homem tinha visão do que poderia ser
feito diante da crise e estabeleceu um projeto ambicioso (no bom sentido). Quais
são os nossos sonhos e projetos? Estão voltados apenas para os interesses
particulares ou pretendem abençoar outras pessoas?
O exemplo de Neemias nos adverte para outro risco: não podemos agir sem orar,
principalmente em momentos de importantes decisões. Quem age por conta própria
assume sozinho a responsabilidade pelos resultados, dispensando o auxílio
divino.
O teor da oração de Neemias nos ensina sobre o valor do arrependimento e da
confissão (Ne.1.6), embora, naquele caso, os principais pecados tenham sido dos
pais, cujas consequências afetaram a vida dos filhos. É o que se nota pelo fato
de ter Neemias, ao que tudo indica, nascido na terra do cativeiro. O pecado
precisa ser removido, confessado e perdoado, para que a restauração aconteça.
Tendo sido liberado e até mesmo enviado pelo rei, o copeiro dirigiu-se a
Jerusalém, onde confirmou todas as notícias que lhe haviam sido transmitidas.
Neemias saiu de sua condição de conforto, colocando em risco sua posição, seus
bens e sua vida para ir a Jerusalém numa missão de restauração. (Isto nos faz
pensar no que faria Cristo, alguns séculos mais tarde, descendo de sua glória a
fim de edificar a Nova Jerusalém, a igreja - Mt.16.18; Ap.21.2).
O desafio de Neemias era muito grande, como tantos que se apresentam diante de
nós. A cidade precisava ser reconstruída. Eram inúmeras as providências que
deveriam ser tomadas. Para onde quer que se olhasse via-se destruição e
tristeza. Neemias haveria de conduzir a reocupação da cidade, trazendo famílias
de judeus das localidades vizinhas bem como da Pérsia. Muitas casas deveriam ser
construídas. O sacerdócio seria restabelecido. O culto judaico voltaria a ser
realizado normalmente no templo. A lei de Moisés seria novamente colocada em
prática. Porém, diante de tantas necessidades, Neemias estabeleceu como sua meta
mais importante a reconstrução das muralhas. Não se pode fazer tudo ao mesmo
tempo. Portanto, é necessário que estabeleçamos prioridades.

PROTEÇÃO

Já fazia muitos anos que os cativos tinham começado a voltar à sua terra. O
templo já havia sido reconstruído. Entretanto, pela ausência dos muros, a
vulnerabilidade era total. Os inimigos entravam e saíam de Jerusalém quando bem
entendiam. Assim, todas as ações dos judeus ficavam prejudicadas.
Em nossas vidas, também precisamos construir muros. É necessário que percebamos
por onde o inimigo tem entrado para que ali coloquemos um bloqueio, uma
barreira. O cristão não pode ser aberto a toda e qualquer influência. Não
podemos aceitar tudo o que nos é proposto, recebendo qualquer doutrina ou
costume, acreditando em tudo e em todos. O mundo nos atinge todos os dias com
grande quantidade de lixo. São muitos ataques dos mais variados tipos.
Precisamos construir muros, que são nossas atitudes de rejeição e resistência às
investidas do maligno. Quando vierem as insinuações do mal, devemos dizer:
"Basta! Isto eu não aceito".
O inimigo não pode ser subestimado. Não se deve pensar que ele seja fraco ou
inofensivo. Quem pensa assim, diante das tentações, por exemplo, não constrói
barreiras. Considera-se muito forte, capaz, e apto para vencer sempre. Contudo,
a construção dos muros nos ensina a lição da prevenção, de modo que o confronto
com o inimigo não aconteça em todo o tempo nem de qualquer maneira.
Os moradores de Jerusalém poderiam dizer: "Não precisamos de muros, pois Deus
nos guardará". Eles não disseram isso. Sabiam que a responsabilidade humana não
pode ser transferida para Deus, mas apenas compartilhada. O homem precisa tomar
suas providências dentro do que é lícito e necessário. (Por isso podemos ter
plano de saúde e seguro do automóvel).

LIMITES

"Como a cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não pode conter
o seu espírito." (Pv.25.28).

Muros representam limites. Além de barreira contra o inimigo, são medidas de
domínio próprio. Podem até parecer negativos, desagradáveis para muitos,
representando restrições à liberdade. Todavia, são marcos necessários,
determinados pela palavra de Deus e por nossa consciência para que não avancemos
além de onde o Senhor nos permite em relação às nossas palavras, ao
comportamento, ou à anuência ao que nos é oferecido e solicitado. Em algum
momento, antes que seja tarde, precisamos dizer não.
Não podemos ser indefesos e vulneráveis. Os muros escondem e, ao mesmo tempo,
protegem o que há de valor dentro da cidade. Quem quer aparecer demais corre o
risco de abrir mão de vários fatores de proteção. Estar protegido é estar
oculto, evitando a exposição desnecessária. Nem tudo é para ser mostrado,
revelado ou compartilhado e o que for, deverá sê-lo da forma correta, para a
pessoa certa, no tempo adequado.

TRABALHO

Construir uma muralha de pedras ao redor da cidade seria um empreendimento dos
mais difíceis. Neemias e os que com ele estavam precisavam trabalhar muito. Nós
também devemos estar dispostos para o esforço e o trabalho árduo. Neemias orava
sempre (Ne.1.4; 2.4; 4.4,9; 5.19; 6.9) e nós devemos orar também, mas a oração
não substitui o trabalho. Deus fará o que não está ao nosso alcance. Quanto ao
mais, ele abençoará a obra das nossas mãos. Aquele servo de Deus poderia ter
orado dizendo: "Senhor, envia os anjos construtores para que levantem esta
muralha". Nada disso. Não devemos esperar que os anjos, ou o próprio Deus façam
aquilo que é da nossa responsabilidade. Isto se aplica aos mais variados
aspectos da nossa vida, seja pessoal, familiar, profissional, estudantil ou na
obra do Senhor. Por exemplo, o estudante cristão não deve pensar que receberá
por revelação as respostas para suas provas escolares. Deve, sim, esforçar-se ao
máximo, dentro de suas condições e limites, esperando que Deus abençoe o fruto
do seu trabalho.

OPOSIÇÃO

Logo que os judeus começaram a edificar os muros, os inimigos se manifestaram
para tentar impedir que a obra fosse adiante (Ne.4.1). O texto nos diz que
Tobias (amonita), Sambalate (governador da Samaria) e Gesén (árabe) ficaram
irados e criticaram os edificadores. Havia ali motivos étnicos, políticos e
religiosos. Em nenhum momento, houve um ataque armado contra os judeus, mas
muitas palavras foram usadas para intimidá-los. Os obreiros foram criticados,
chamados de fracos. A obra foi criticada. Disseram que uma simples raposa
derrubaria o muro que estava sendo levantado (Ne.4.3). Houve questionamento,
acusação, calúnia, fofoca, ameaças (Ne.4; Ne.6). Cartas foram escritas e falsos
profetas subornados para tentarem interferir na obra de Neemias (Ne.6). Palavras
são armas. Não podemos nos esquecer disso. Uma palavra pode `derrubar' uma
pessoa e destruir projetos e relacionamentos. Esta é uma das principais
estratégias de Satanás no combate ao povo de Deus. Quando Jesus foi tentado no
deserto, o inimigo usou palavras, com sofismas, propostas e questionamentos na
intenção de induzi-lo ao erro (Mt.4). As afirmações malignas são contra o nosso
caráter, capacidade, vocação, de modo que fiquemos desanimados e desistamos da
missão que o Senhor nos confiou. Neemias não deu ouvidos ao que o inimigo
dizia. Continuou trabalhando com todo empenho.
Diante de sua persistência, os inimigos mudaram a tática. Chamaram Neemias para
um encontro, aparentemente amistoso. É assim também conosco. Quando Satanás não
nos vence pela perseguição, procura aproximar-se de nós com aparência de
amizade, transfigurado em anjo de luz (IICo.11.14). Com isso, os adversários
queriam tirar Neemias do seu propósito. Pretendiam interromper o trabalho,
causar distração, atraso e, depois, destruição. Não podemos ceder. Neemias
disse: "Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer" (Ne.6.3).
Não podemos descer, nem por um instante, rebaixando-nos ao nível do inimigo para
com ele nos relacionarmos. Eva deu atenção à serpente e isso lhe custou muito
caro (Gn.3).

PERSEVERANÇA

A obra prosseguiu a despeito das investidas contrárias. Nós também devemos ser
perseverantes naqueles propósitos que estão de acordo com a vontade do Senhor.
Neemias não parou enquanto não viu a muralha pronta. Construir meio muro não
significará proteção alguma (Ne.4.6), além de ter consumido tempo e recursos. É
necessário que a obra seja realizada até o fim.

"Quem perseverar até o fim será salvo" (Mt.24.13).

"E a perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e
completos, não faltando em coisa alguma" (Tg.1.4).

"Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer" (João
17.4).

O trabalho prosseguiu até que não houvesse qualquer brecha no muro (Ne.4.7;
6.1). Isto é excelência. O inimigo não precisa de grandes espaços. Uma pequena
brecha pode ser suficiente para que um grande estrago seja feito. Em tempos
modernos, rochas gigantescas têm sido destruídas pelo uso de explosivos
colocados em pequenas cavidades feitas para este fim. Precisamos estar atentos.
O inimigo pode estar abrindo uma fissura em nossa muralha. Um pecado de
estimação, um mau costume, uma mágoa guardada, podem representar brechas cujo
resultado pode ser a invasão do nosso território.
De acordo com o apóstolo Paulo, a mentira, a ira, o furto, palavras torpes,
amargura, gritaria, blasfêmia e malícia são formas de se dar "lugar ao Diabo"
(Ef.4.25-29). Algumas dessas coisas podem parecer inofensivas, mas não são.

AS PORTAS

Além dos muros, Neemias de dedicou à colocação das portas, com ferrolhos e
trancas (Ne.3.3). É evidente que, sem portas, a cidade seria uma prisão. Não era
este o propósito. Muros e portas nos dão uma idéia de equilíbrio. Os moradores
de Jerusalém não poderiam ficar isolados do resto do mundo, mesmo porque não
eram auto-suficientes. Toda cidade precisa de algum tipo de suprimento externo.
O isolamento completo e prolongado, conhecido como estado de sítio, é também uma
estratégia do inimigo (Dn.1.1; Zc.12.2; IIRs.6.24-25).
Precisamos de muros e portas. As defesas são necessárias, mas precisamos ser
acessíveis. Isto não significa abrir mão da segurança. As portas eram meios de
acesso controlado. Elas não ficavam abertas o tempo todo. Permaneciam fechadas
durante a noite, sendo destrancadas apenas ao nascer do sol (Ne.7.3). A
utilidade das portas nos ensina lições de comunicação, liberdade e
relacionamentos. Entretanto, tudo isso acontece de forma controlada, na luz e
não nas trevas.

AS TORRES

Sobre os muros, foram edificadas torres, onde sempre haveria sentinelas (Ne.3.1;
7.3). Mesmo depois do trabalho realizado, a vigilância não pode terminar. Sem
ela, os muros seriam escalados e transpostos. Como Jesus nos ensinou: "Vigiai e
orai para que não entreis em tentação" (Mt.26.41). O vigilante não pode dormir,
no sentido de ser negligente, sabendo que o adversário também não dorme
(Ne.4.9).
Diante de todo o seu empenho e iniciativa, Neemias foi nomeado governador da
Judéia. Buscando o bem de Israel, seu crescimento pessoal também foi alcançado
(Ne.5.14).
Com os muros erguidos, estava estabelecido um ambiente de segurança e
tranquilidade onde novos projetos seriam realizados. Muito mais seria ainda
feito na restauração de Israel para a vinda do Messias.

Anísio Renato de Andrade
Bacharel em Teologia

terça-feira, 23 de junho de 2009

As tentações de Cristo - 10

Por volta dos 30 anos de idade, Jesus tomou uma série de iniciativas específicas em relação à vida espiritual e ao ministério. Estava na hora de ser batizado, fazer um jejum prolongado e começar sua obra, pregando, curando e escolhendo seus discípulos. Ele tinha metas bem claras e prazo determinado. Até sua morte e ressurreição já estavam marcadas, devendo ocorrer dentro de três anos, durante a páscoa.

Em nossa vida cristã, também não podemos ficar inertes. Precisamos tomar iniciativas concretas no sentido de realizarmos a nossa parte dentro dos propósitos divinos, sabendo que o nosso tempo é curto. Não podemos viver adiando decisões e realizações que se mostram necessárias e oportunas.

Estejamos certos de que a oposição satânica está de prontidão para tentar nos impedir. Seus ataques certamente vêm sobre aqueles que querem servir a Deus de modo objetivo e intenso.

Caminhos e tropeços

Tendo Cristo entrado na reta final de sua missão terrena, Satanás também tomou uma iniciativa: a tentação. Jesus tinha um caminho a seguir e o inimigo haveria de colocar tropeços diante dele (Mt.4.1-11).

O maligno oferece um caminho alternativo para se chegar ao "sucesso". A proposta é uma rota sem cruz, sem grande esforço, sem renúncias e sem sofrimento. O poder e a glória podem ser alcançados por um simples gesto de adoração (Mt.4.9). Problemas de percurso podem ser resolvidos pelos anjos (Mt.4.6). Entretanto, todo esse quadro é uma grande fantasia na tentativa de ocultar as terríveis conseqüências de decisões equivocadas, onde os valores divinos estariam sendo renunciados, a glória seria efêmera, o sofrimento seria eterno e o satanismo estaria se estabelecendo por meio de uma adoração usurpada.

O uso das Escrituras

Para conseguir seus intentos, o inimigo usa a palavra de Deus. Ele diz: "está escrito..." (Mt.4.6). Note-se quão importante é o conhecimento amplo das Escrituras para que se possa responder: "TAMBÉM está escrito..." (Mt.4.7). Assim, o mau uso de partes isoladas da bíblia é combatido através de uma compreensão geral da mesma. A espada da Palavra (Ef.6.18) foi usada naquela batalha entre Jesus e Satanás.

O tentador sabia que a vida de Cristo era pautada pelas Escrituras. Ele andava na trilha do cumprimento profético. Então, uma citação bíblica distorcida talvez pudesse influenciá-lo. Contudo, Jesus era guiado TAMBÉM pelo Espírito Santo. Não se tratava apenas de seguir o "script" como alguém que executa uma receita culinária. A palavra não funciona sem o Espírito e este não age fora dos princípios bíblicos. Precisamos de ambos, da palavra e do Espírito para fazermos a vontade do Pai (Ef.6.17; IJo.5.7).

A Escritura é importante. Por isso, a afirmação "está escrito" se torna tão forte. Precisamos, pois, ler e estudar a bíblia. Também nas relações naturais humanas, o que está escrito é muito valorizado. Vemos isso no uso dos contratos, leis, estatutos, cédulas, certificados, etc. Não obstante, um documento só tem importância quando se relaciona a um fato concreto. Por exemplo, uma certidão de casamento só tem valor se o relacionamento conjugal existir. Assim também, as Sagradas Escrituras só têm eficácia na vida daqueles que têm um relacionamento vivo com Deus. A letra não é um fim em si mesma e não pode ser usada fora dos propósitos divinos, como Satanás tentou fazer (Mt.4.6).

Identificando os espíritos

A experiência de Cristo, descrita em Mateus 4, nos mostra quão necessário é o discernimento espiritual. O Espírito Santo leva Jesus ao deserto para ser tentado. Isto parece mau, mas é uma direção divina. Depois, Satanás o conduz ao templo para ter uma experiência com os anjos. Isto parece bom, mas é ruim. Em nossas vidas, situações desse tipo podem ficar confusas para a nossa mente.

Cristo foi tentado a realizar coisas que talvez não consideraríamos pecaminosas: transformar pedras em pães, provocar a ação angelical ou assumir o governo dos reinos do mundo. De fato, o erro primordial estaria em seguir a orientação de Satanás e adorá-lo. O pecado pode ocultar-se sutilmente atrás do aspecto aparente das ações humanas, mesmo as de cunho religoso. O problema está nas motivações, nos propósitos e nos meios utilizados.

Precisamos, portanto, de um relacionamento mais íntimo com o Pai celestial para que não sejamos enganados. O mundo espiritual não pode ser avaliado pela aparência de seus resultados visíveis. As pessoas são muito influenciadas por manifestações de poder sobrenatural e isso acontece em muitas religiões. Contudo, é preciso saber qual é a essência moral (ou imoral) que se oculta em tais situações. Se os milagres acontecem, mas o pecado não é combatido e o nome de Jesus não é engrandecido, então estaremos diante de uma manifestação maligna com aparência de bondade.

O testemunho

Se Jesus estava sozinho no deserto, como sua experiência foi escrita por Mateus? Certamente, o Mestre contou aos seus discípulos tudo o que lhe ocorrera durante a tentação. A narrativa foi passada adiante, de modo que chegou também ao conhecimento de Lucas, que não era um dos apóstolos (Lc.4). Jesus contou também a respeito do jejum que fizera. Afinal, o jejum deve ser discreto, mas não significa que seja um segredo inexpugnável.

Cristo compartilhou detalhes de alguns momentos íntimos, pois haveriam de ser úteis para os seus discípulos. Assim, tudo foi escrito para que chegasse até nós o conhecimento daquilo que ele enfrentou e venceu, pois também haveríamos de enfrentar muitas tentações neste mundo. Também podemos vencê-las, pois "basta ao discípulo ser como seu Mestre" (Mt.10.25).


Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
Professor do Steb - Seminário Teológico Evangélico do Brasil

segunda-feira, 22 de junho de 2009

As tentações de Cristo - 9


Logo após o batismo de Jesus, ouviu-se uma voz do céu que dizia: "Este é o meu Filho amado em quem me comprazo" (Mt.3). Em seguida, veio a experiência da tentação (Mt.4). Mesmo sendo o "Filho amado", ele iria para o deserto. Não seria poupado. Isto pode parecer incompatível com o amor declarado anteriormente, mas não é.

Poderíamos perguntar: como Deus permite isso? Não apenas permite, como também dirige. Em nossas vidas, talvez questionemos o porquê de Deus permitir tantos acontecimentos ruins. Nessas horas, talvez até o seu amor por nós seja indevidamente colocado sob suspeita. Entretanto, os sofrimentos, tentações, desafios e provações são experiências necessárias em nossas vidas. Nosso aprendizado existencial não será adquirido apenas em um curso teórico por correspondência.

Cristo, na condição de homem, precisava experimentar muitas situações; precisava sentir e não apenas conhecer na teoria. Ele precisava aprender, conforme está escrito:

"Ainda que era Filho, aprendeu a obediência por meio daquilo que sofreu" (Heb.5.8).

Todo sofrimento permitido por Deus, sem que o tenhamos provocado, tem um propósito positivo. Não será algo inútil e improdutivo. "Sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança" (Rm.5.3-4).

Almejamos ser pacientes, experientes e esperançosos, mas sem tribulações. Assim, fica difícil. É como querer músculos fortes sem carregar peso.

Maturidade e experiência são frutos de desafios, escolhas e ações. Quem decide e faz torna-se mais hábil e capaz.

Naquele momento, quando Satanás abordou Jesus, o Pai não interferiu. O Espírito Santo, por sua vez, não se manifestou para responder às propostas do maligno. O Diabo tentou conduzir Jesus à provocação de uma interferência dos anjos (Mt.4.6), mas isso não era adequado. Jesus precisava decidir, responder e resolver sozinho. Era a sua vez.

Assim, em nossos momentos de tribulação e angústia, sempre queremos a interferência celestial. Oramos e aguardamos que Deus remova a tentação, mude a situação, expulse o Diabo, e tudo se resolva. Entretanto, a nossa resistência está sendo provada. Precisamos responder corretamente ao que a vida nos argüi. Depois, a ação divina nos será favorável (Mt.4.11). Na hora certa, nossas orações serão ouvidas e a situação mudará.

O amor de Deus por Jesus não evitaria o que fosse necessário e imprescindível, porque, por esse mesmo amor, o Pai visava objetivos maiores e ganhos eternos (João 3.16).

As crianças têm dificuldades para conciliar o amor dos pais com suas exigências e atos disciplinares. Contudo, ao crescerem, percebem os valiosos benefícios de tudo o que aconteceu.

Nós também, nas relações com o Pai celestial, não entendemos as lutas e dificuldades, mas ficaremos jubilosos no dia da vitória.

"Aquele que sai chorando, levando a semente para semear, voltará com cânticos de júbilo, trazendo consigo os seus feixes" (Salmo 126.6).


Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
Professor do Steb - Seminário Teológico Evangélico do Brasil

sábado, 20 de junho de 2009

As tentações de Cristo - 8



Está escrito que Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo (Mt.4.1). Logo, ele não estava perdido ou sem direção. Mesmo no deserto, não ficaria desorientado. Sua vida tinha alvos bem definidos, um planejamento preciso e específico. Assim também acontece com os filhos de Deus hoje, a não ser que resolvamos andar por nossos próprios caminhos.

Jesus foi fisicamente sozinho para o deserto. Ele não podia mandar outra pessoa para representá-lo nem levar sua família ou amigos. Ninguém poderia ajudá-lo naquele momento, pois se tratava de um desafio pessoal. O Pai e o Espírito Santo não tomariam decisões no lugar do Filho.

A vida espiritual é assim, e muitos momentos da vida natural também se caracterizam pela solidão que envolve as decisões e escolhas individuais. São responsabilidades intransferíveis. O deserto e a cruz não podem ser terceirizados. Afinal, também não vamos querer que alguém receba, por procuração, nosso galardão.

Durante a infância, os pais decidem praticamente todas as coisas no lugar dos filhos. Alguns crescem e querem continuar naquela cômoda posição de receber tudo resolvido e mastigado. Entretanto, a vida adulta exige que cada um tome suas próprias decisões. O filhote precisa sair do ninho e aprender a voar.

No relacionamento com Deus e no confronto com o Diabo, as decisões humanas também são individuais. O pastor, por mais amoroso que seja, não pode resolver os desafios de cada membro da igreja. Pode aconselhar, mas não decidir. Nenhum cristão pode descansar no conhecimento bíblico do seu irmão. Nenhum soldado pode ir à guerra sem treinamento, confiando na habilidade dos companheiros. Embora possamos ajudar uns aos outros, chega o momento em que cada um enfrentará o seu deserto particular. Então, será testado seu próprio conhecimento, sua fé, seu compromisso e fidelidade. Por isso, é de fundamental importância a preparação.

Por exemplo, quando o jovem cristão entra na faculdade, enfrenta ataques intensos e precisa decidir por si mesmo. Então, fica evidente se ele foi bem formado na igreja ou não; se ele investiu em sua estrutura espiritual, ou não.

Daniel, foi levado cativo para a Babilônia e ali, no palácio de Nabucodonozor, longe dos pais e mestres, teve a oportunidade de tomar decisões que fizeram dele um dos maiores nomes do Antigo Testamento. Daniel orava e evitava o pecado, não porque alguém mandava, mas por sua própria decisão.

A solidão do deserto cria oportunidade para o pecado secreto. Afinal, ninguém está vendo. Se não tem quem possa ajudar, também não existem testemunhas. Se Jesus transformasse pedras em pães, quem ficaria sabendo? Porém, a realidade do mundo espiritual é tão concreta que não nos permite pensar que aquele pecado pudesse ficar oculto. Afinal, a solidão de Cristo era apenas física e aparente. Assim como Satanás estava ali, o Espírito Santo também estava, pois foi ele quem levou Jesus ao deserto (Mt.4.1). O Pai também estava presente com o Filho (João 8.29). Os anjos também estavam por perto (Mt.4.6,11). Aquele episódio estava repleto de participantes, embora só Cristo tivesse um corpo físico.

Logo, a tese do pecado secreto é uma ilusão humana. Por outro lado, fica demonstrado que a solidão também é apenas aparente. Não estamos sozinhos ou desamparados no deserto. Estamos muito bem acompanhados, exceto pela presença do maligno.

Os filhos de Deus precisam se concientizar da presença divina em todas as situações. Não estamos abandonados. Embora as nossas decisões continuem sendo pessoais, podemos contar com a consolação do Espírito Santo e a bênção do Pai.


Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
Professor do Steb - Seminário Teológico Evangélico do Brasil

sexta-feira, 19 de junho de 2009

As tentações de Cristo - 7



Jesus era orientado pelo Espírito Santo, mas, como nós, tinha seu direito de escolha. Quando foi conduzido ao deserto (Mt.4.1), Cristo não resistiu ao Espírito (At.7.51), nem tentou adiar aquela experiência. Ele poderia ter escolhido, naquele dia, outra atividade, outra direção, como Jonas fez, mas deixou-se levar pelo condutor divino, sendo fiel e obediente.

A vida cristã consiste em deixar-se guiar pelo Espírito Santo (Rm.8.14). Para isso, é preciso um nível de relacionamento tal com ele, que possibilite o reconhecimento da sua voz (At.13.2) ou dos seus sinais. Algumas vezes, sua orientação pode ser tão discreta que não a percebamos imediatamente. Pode surgir como um desejo, uma idéia, uma aparente intuição, ou um arranjo circunstancial.

No deserto, haveria o encontro com o tentador. Jesus não evitou o confronto. Ele não fugiu. Muitos crentes procuram manter distância, quando um demônio se manifesta. O que fariam então diante do próprio Satanás?

Cristo enfrentou porque estava preparado. Não tinha cometido nenhum pecado. Estava bem seguro de sua própria identidade, de seu poder e autoridade. Além disso, ele vinha cumprindo tudo o que estava determinado para a sua vida e ministério. Não tinha porquê recuar. Até aquele momento, ele havia se enchido do conhecimento da Palavra de Deus, aprendendo no templo e na sinagoga desde a sua infância. Vivia em comunhão com o Pai e, recentemente, passara pelo batismo nas águas. Estava cheio do Espírito Santo e acabara de fazer um prolongado jejum.

E nós? Estamos preparados para enfrentar o inimigo? Como está nossa condição espiritual? Se formos de qualquer maneira, poderemos ser esmagados. Por isso, o apóstolo Paulo adverte no sentido de tomarmos toda a armadura de Deus (Ef.6.10-18), afim de que possamos resistir ao Diabo (Tg.4.7). Quem não vai à guerra é covarde. Quem vai desguarnecido torna-se um alvo fácil.

Muitas pessoas não se preparam porque acham que ainda é cedo (Ag.1.2; João 4.35). Quando Jesus tinha 12 anos de idade, ele já estava aprendendo a Palavra de Deus (Lc.2.42), ainda que a tentação no deserto só fosse acontecer aos 30. Se chegasse lá sem as condições necessárias, não haveria tempo hábil para consegui-las (Mt.25.10). Se ele não conhecesse bem as Escrituras, não teria chance de procurar os versículos apropriados, mesmo porque ninguém andava com os rolos do Velho Testamento debaixo do braço.

Além do campo das tentações, também precisamos de preparação e coragem para enfrentar outros desafios e responsabilidades que a vida nos traz. Não podemos viver fugindo, evitando ou adiando indefinidamente.

A infância e a juventude são épocas adequadas para que a pessoa se prepare para as decisões e atividades da vida adulta. Os pais podem e devem ajudar nesse processo. Por exemplo, o vestibular, o casamento e a profissão são desafios previsíveis para os quais o jovem deve se prevenir. Alguns precisam estar preparados também para o exercício do ministério. Em todas estas áreas existem crises, oportunidades e tentações específicas.

Jesus resistiu, ficando firme diante das investidas diabólicas. Ele não cedeu um só milímetro. Podia ter negociado com Satanás, chegando ao meio termo, transformando pelo menos uma pedra em pão ou aceitando um pequeno reino dentre todos os que lhe foram apresentados. Não! Estavam em jogo valores espirituais eternos e inegociáveis. Não podemos trocá-los por recompensas terrenas, imediatas e temporais.

O Diabo quis atingir o corpo de Jesus, na questão do pão. Quis afetar seu espírito, na citação da palavra. Tentou iludir sua alma, oferecendo posição, poder e glória humana.

Depois da resistência veio a repreensão. Jesus disse: "Vai-te, Satanás, porque está escrito: ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele darás culto. Então o Diabo o deixou..." (Mt.4.10-11). Nós também não somos obrigados a ficar ouvindo por tempo indeterminado o que o Diabo tem a nos dizer. Jesus tinha coisas mais importantes para fazer. Então, usou sua autoridade e repreendeu o inimigo. O Mestre nos autorizou a fazer o mesmo: "Em meu nome expulsarão os demônios" (Mc.16.17).

Além de resistir aos poderes das trevas, recusando suas ofertas, precisamos ordenar que eles se retirem da nossa presença, da nossa casa, do nosso local de trabalho, etc.

Por quê o Mestre não o repreendeu logo na primeira tentação? Se ele assim o fizesse, sua resistência não teria sido provada. No nosso caso, repreendemos o mal assim que reconhecemos a sua presença (At.16.16-18). Não precisamos esperar mais. Nesse ponto, é provável que já tenhamos passado por várias tentações.

Quando o Diabo foi embora, vieram os anjos e serviram a Cristo (Mt.4.11). Nem só de tentação vive o filho de Deus. Após os combates que enfrentamos, o Senhor nos dá momentos de refrigério, descanso, recompensa e paz.

Os anjos participam também da nossa vida. Eles são ministros de Deus ao nosso favor (Heb.1.13-14). Isto não significa que possamos dar-lhes ordens ou apresentar-lhes nossos pedidos. Isto seria uma oração, e só podemos orar a Deus. É ele quem dá ordens aos anjos para agirem em nosso benefício (Salmo 91.11).

O episódio das tentações termina com uma nova experiência sobrenatural, mas isto só aconteceu porque Cristo enfrentou, resistiu e repreendeu Satanás. Se assim fizermos, também teremos experiências gloriosas com Deus.

Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
Professor do Steb - Seminário Teológico Evangélico do Brasil

quinta-feira, 18 de junho de 2009

LIÇÃO 12/AJUDA AOS NECESSITADOS /SUBSÍDIOS

AJUDA AOS NECESSITADOS
Texto Áureo: I Co. 9.7 - Leitura Bíblica em Classe: I Co. 9.6-12

Objetivo: Mostrar que a ajuda aos necessitados é um grande privilégio e responsabilidade que Deus concede a cada crente.

INTRODUÇÃO
Paulo instrui a igreja de Corinto em relação ao cuidado com os necessitados. Na aula de hoje, veremos, a princípio, que a contribuição é uma doutrina genuinamente bíblica. Em seguida, aprofundaremos a questão da contribuição em I Co. 16. Ao final, apresentaremos algumas sugestões para contribuição cristã para os necessitados.

1. A CONTRIBUIÇÃO BÍBLICA
A palavra grega “koinonia” significa não apenas “comunhão”, ela abrange também o sentido de “contribuição”, da “partilha de bens”. Desde o princípio da igreja, no capítulo 6 de Atos, está registrado que havia necessidade de cuidar das viúvas da igreja de Jerusalém. Compreendemos, assim, que esse princípio de partilha de bens era bastante comum nos primórdios da igreja (At. 2.44,45, 4.34,35). Essa, entretanto, não era uma prática apenas dos crentes de Jerusalém. Os cristãos de Antioquia compartilharam suas bênçãos materiais com os de Jerusalém (At; 11.27-30). Por causa da perseguição romana, os crentes judeus ficaram em situação de pobreza extrema. Isso mostra que nem sempre a prosperidade é resultante de pecado ou desobediência à Palavra de Deus. Ciente dessa realidade, Paulo mostrou preocupação com os crentes necessitados (O Co. 16.1; II Co. 9.12; At. 24.17; Rm. 15.25,26; II Co. 8.1). A contribuição aos necessitados era, sobretudo, um ato de amor e prova de genuína espiritualidade. Quando as contribuições partiam de igrejas gentílicas, era um sinal evidente de fraternidade, principalmente para alguns cristãos judeus que tratavam os gentios com desdém. Por isso, o apóstolo mostra interesse que os próprios contribuintes entregassem pessoalmente as ofertas aos irmãos necessitados (I Co. 16.3,4).

2. PRINCÍPIOS PARA A CONTRIBUIÇÃO CRISTÃ EM I CO. 16
As contribuições não eram apenas de uma igreja, mas de todas aquelas que haviam sido fundadas por Paulo (II Co. 8.1; 9.2). Para tanto, a cada primeiro dia da semana – com certa regularidade - cada um dos crentes – individualmente - e independentemente da condição financeira, deveria se dispor a contribuir, de acordo com as possibilidades, e esse dinheiro coletado deveria ser bem administrado (v.2). A contribuição para os irmãos necessitados deveria ser feita com liberalidade, pois o que semeia pouco também pouco ceifará (II Co. 9.6; Gl. 6.7). Mas para que seja válida, a contribuição precisa ser feita com alegria, “não com tristeza ou por necessidade, porque Deus ama ao que dá com alegria” (II Co. 9.7). Ninguém deva ser constrangido a doar, é estabelecido, nesse ensinamento, o princípio da generosidade, motivado pelo Espírito Santo (Rm. 12.8). Aqueles que assim o fazem demonstram confiança no Senhor, cientes que Ele “é poderoso para tornar abundante em vós toda graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda suficiência, superabundeis em toda boa obra” (II Co. 9.8; Rm. 8.32). Um dos princípios apresentados por Paulo nessa coleta é o da lisura. Por isso Paulo queria que os próprios irmãos entregassem a oferta aos crentes de Jerusalém, ainda que ele tivesse interesse de acompanhá-los, o que veio a acontecer (Rm. 15.25; II Co. 1.16). Ciente da tentação que o dinheiro pode causar, e a fim de evitar falatórios, não apenas uma pessoa deveria fazer a entrega da contribuição, um grupo de pessoas confiáveis (v. 3).


3. RECOMENDAÇÕES GERAIS QUANTO A CONTRIBUIÇÃO
Os cristãos devem doar não apenas aqueles que fazem parte da igreja. Os de fora também precisam ser alvo da liberalidade eclesiástica (16.1). Não é fácil ser generoso com alguém que nunca vimos antes. Ainda que alguns digam que os olhos não vêem o que o coração não sente, a Bíblia ensina que devemos ser graciosos também com aqueles que estão distantes e que desconhecemos, mais que isso, que são nossos inimigos. É evidente que, de acordo com o ensinamento bíblico, os membros da casa devam ter prioridade (I Tm. 5.8). Devemos fazer o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé (Gl. 6.10). Aqueles que precisam devam ser claros em suas petições, e, principalmente, éticos. Os pastores, desde que com fins apropriados, e principalmente, bíblicos, não devam ter vergonha de pedir dinheiro à igreja. E essa, por sua vez, precisa saber que mais bem-aventurado é dar que receber (At. 20.35). Uma igreja que tem recursos financeiros tem a responsabilidade de ajudar os pobres e reconhecer que tal ato é adoração. Faz parte do culto divino o momento da contribuição, seja com os dízimos, ofertas e contribuições aos necessitados. Quem recebe deve demonstrar gratidão a Deus e aqueles que contribuíram (Fp. 4.18). Muitos vêem com os cestos vazios, mas esquecem de voltar para agradecer. A contribuição financeira não deve ser casual, mas sistemática e proporcional ao ganho individual. Quem administra as contribuições deva ser transparente a fim de não causar escândalo e para não perder a credibilidade.

CONCLUSÃO
Há uma estória interessante que ilustra a condição de muitos crentes da atualidade. Conta-se que um mendigo passou na residência de três pessoas e pediu-lhes ajuda. A primeira era espírita, a segunda, católica, e a terceira, evangélica. Cada uma dessas delas tinha apenas um pão e deu uma resposta diferente ao mendigo. Quando o mendigo pediu algo para comer, o espírita, por acreditar na evolução do espírito pelas caridades, deu todo o pão e ficou com fome. Ao chegar à casa do católico, por via das dúvidas, já que não tinha certeza da salvação se pela fé ou pelas obras, resolveu dividir o pão ao meio, comeu a metade e deu a outra ao mendigo. Ao chegar à casa do evangélico, o mendigo nada recebeu, o irmão disse que “iria orar por ele”, pois só tinha um pão e iria comê-lo. Afinal, pensou ele, sou salvo pela graça, não pelas obras, conforme está escrito em Ef. 2.8,9. O irmão estava parcialmente correto, pois, de fato, somos salvos pela graça, por meio da fé. Ele, porém, esqueceu do versículo 10, que diz que fomos criados para as boas obras. Em suma, não fazemos boas obras para sermos salvos, mas porque já somos salvos.


BIBLIOGRAFIA
MORRIS, L. I Coríntios: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2007.
PRIOR, D.
A mensagem de I Coríntios. São Paulo: ABU, 2001.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

As tentações de Cristo - 6

Jesus passou por diferentes tentações e foi vitorioso. As que nos sobrevêm também são variadas. Elas mudam de pessoa para pessoa. Alguns são tentados pelo dinheiro, outros pelo sexo ilícito. As tentações mudam também de acordo com fatores diversos, tais como a posição social, a condição financeira ou mesmo a faixa etária. O que representa estímulo para o jovem, pode não atrair o idoso (II Tm.2.22). A tentação do solteiro é diferente daquela que o casado enfrenta. Em momentos diferentes da vida, passamos por testes distintos.

Podemos comparar essa variedade aos diferentes lugares onde Jesus foi tentado: no deserto, no templo e no monte. Cada local nos traz uma série de reflexões:

Tentação no deserto - nas necessidades - questões íntimas e pessoais - envolve o que sentimos.

Essa parte nos lembra a história de Israel. Aquele povo, quando saiu do Egito, foi para o deserto. Ali passou por várias tentações e cometeu muitos pecados. Jesus foi colocado em lugar semelhante para vencer onde Israel fracassou. As duas histórias se tocam porque, em Mateus 4.4, é citado o texto de Deuteronômio 8.3, que se refere aos israelitas. No deserto, muitos morreram por causa da tentação do alimento (Num.11.31-35). Eles tiveram dificuldade para compreender que "nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus". Jesus venceu naquele lugar árido, ficando apenas 40 dias onde Israel permaneceu por 40 anos.

Cristo esteve sozinho no deserto, até que chegasse o tentador. Deserto é lugar de solidão, desconforto, privação, dificuldade e sofrimento. Tudo isso pode ser propício à tentação. Naquele local, torna-se difícil até o suprimento do desejo mais simples e da necessidade mais básica. Cada um de nós tem o seu deserto para atravessar.

Quando algo nos falta, a tentação surge. Isto é ainda mais forte quando se trata de alguma coisa que já tivemos, já experimentamos, mas perdemos. Foi o caso dos israelitas, quando se lembraram das comidas egípcias (Num.11.4-5). A perda, mesmo que seja de algo legítimo e bom, abre espaço para as tentações (Jó 1).

Deserto é lugar de tribulações e cada uma delas tem uma tentação implícita. Isto fica claro na carta à igreja de Esmirna (Ap.2.10) e na história de Jó. Cada ataque satânico sobre a sua vida tinha o propósito de levá-lo à dúvida, à incredulidade, à murmuração e à blasfêmia. Quando se diz que "em tudo isso Jó não pecou" (1.22), fica evidente a tentação oculta e a conseqüente decepção do Diabo.

No deserto, no encontro consigo mesmo, ocorrem as tentações íntimas, os pecados secretos e as crises de identidade. Jesus não entrou nesse processo pecaminoso, mas esta foi a tentativa de Satanás ao dizer: "Se tu és filho de Deus..." A identidade de Cristo estava sendo questionada.

Tentação no templo - a religiosidade - nas relações com Deus - envolve o que cremos.

O Diabo conduziu Jesus ao pináculo do templo, em Jerusalém, de onde sugeriu que ele se atirasse para que os anjos o amparassem. Por mais incrível que pareça, Satanás pode conduzir alguém a um templo, ao lugar sagrado, não para adorar a Deus, mas para provocá-lo ou tentar usá-lo. São as tentações do contexto religioso, envolvendo falsas interpretações bíblicas, heresias, religiosidade destituída de santidade e atos de presunção que se parecem com atos de fé. É o caso daqueles que buscam a Deus apenas por motivos pessoais, materialistas, egoístas, e não para fazerem a vontade do Senhor, ou ainda dos que se valem da crença para o engano e a exploração do seu semelhante.

A proposta de se lançar e ser amparado pelos anjos é muito sutil porque parece incentivar uma experiência sobrenatural com Deus. Contudo, como observou o Pr. Caio, seria algo comandado pelo homem e não pelo Senhor. Satanás tenta conduzir as pessoas a uma espiritualidade invertida, onde o ser humano toma o lugar de Deus. Esta é uma categoria de tentação que envolve principalmente aqueles que adoram o verdadeiro Deus ou dizem adorá-lo. O Diabo não estava se referindo a um falso deus, mas ao verdadeiro (Mt.4.5). Desse modo, sua astúcia se torna perigosamente eficiente, pois muitos se mostram receptivos quando o assunto se refere ao verdadeiro Deus e quando a bíblia é citada. Entretanto, temos ali o exemplo de uma verdade nos lábios do inimigo, sendo deturpada para fins malignos.

Jesus não se deixou enganar, mas quantos são iludidos desse modo! Satanás citou a palavra de Deus, que se encontra no Salmo 91.11, assim como usou a palavra do Senhor na tentação do Éden: "Foi assim que Deus disse"?

O texto bíblico foi usado pelo Diabo para um propósito totalmente contrário àquele que se encontra no livro de Salmos. Os anjos de Deus são enviados para o livramento dos servos do Senhor, mas não quando eles mesmos se atiram de um edifício. Isto seria suicídio.

A forma como Satanás usa e interpreta as Escrituras dá a entender que Deus estaria a serviço do homem, sendo obrigado a agir quando este determinasse. Eu pulo e Deus é obrigado a enviar os seus anjos ao meu socorro? É uma forma absurda de usar a bíblia, embora não seja difícil encontrar pessoas que a utilizem assim, como se pudessem determinar o que Deus deve fazer.

Jesus foi conduzido ao pináculo do templo. Esta é a tentação dos lugares altos, das altas posições religiosas. A religiosidade não impede nem restringe as investidas malignas. Pelo contrário, elas adquirem um disfarce de espiritualidade e acabam causando grandes danos.

Enquanto que, na primeira tentação, Jesus venceu citando a palavra de Deus contra a palavra do Diabo. Agora ele precisou citar a palavra de Deus contra uma interpretação errada dessa mesma palavra. Tentações do segundo tipo exigem um preparo maior que a primeira, mais conhecimento e sabedoria.

Ao dizer "Lança-te daqui abaixo", o inimigo desejava assistir a queda de Cristo, assim como ele mesmo havia caído do céu. Contudo, seus planos foram frustrados. Quando ele nos tenta, seu desejo é que sigamos pelo caminho de desgraça que ele mesmo trilhou.

Tentação no monte - poder humano e vanglória - nas relações com o próximo - envolve o que vemos.

Novamente, o inimigo levou Jesus aos lugares altos. As posições elevadas são favoráveis às tentações. Os reinos do mundo mostram o poder humano sobre o seu semelhante. A busca por tais posições de autoridade e/ou fama pode desviar da rota aqueles que deviam buscar o reino de Deus e a sua justiça. Jesus estava sendo tentado a mudar seu plano de vida, deixando de caminhar em direção à cruz, passando a buscar a glória humana pelas mãos do Diabo.

Aquela foi uma proposta de suborno e corrupção. É a típica tentação que ameaça o político, o líder, o governante, ou aquele que almeja tais condições. Muitos se vendem para lá chegar, sacrificando valores morais e abrindo mão da vocação espiritual. São atraídos pelos reinos deste mundo.

Não significa que a vida pública seja abominável. A abominação está na negociação com Satanás para se alcançar o poder e a riqueza.

No caso de Jesus, nada disso lhe interessava. Sua missão era estabelecer o reino dos céus, conforme se vê no tema de sua pregação naquele mesmo capítulo (Mt.4.17).

Nas primeiras tentações, era preciso imaginar o resultado e o benefício prometido. Na tentação do monte, bastava olhar a pompa dos reinos. A visão exerce forte influência sobre as decisões humanas. O inimigo explora bastante esse sentido físico. Jesus recusou tudo aquilo que ele via para alcançar o reino dos céus, cuja plenitude ainda era invisível e futura. A fé prevaleceu.

Cristo recusou a oferta do maligno. Todavia, alguns anos mais tarde, com o seu sangue derramado na cruz, ele conquistou todo o poder e autoridade nos céus e na terra (Mt.28.18). Entretanto, precisou esperar o tempo certo e a maneira correta.

Nos últimos dias, essa conquista se tornará visível, pois Jesus reinará sobre a terra durante mil anos (Ap.20.1-6), regendo todas as nações com cetro de ferro, pois ele é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores (Ap.19.15-16; 12.5; Salmo 2).

Então, o sétimo anjo tocará a sua trombeta, e vozes no céu proclamarão:

"Os reinos do mundo se tornaram de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos" (Ap.11.15).


Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
Professor do Steb - Seminário Teológico Evangélico do Brasil

 
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